Quarta-feira, dia 4 de Novembro, 16:16, estúdio.
Guys:
- Wow! – Micael exclamou, assim que entrou no estúdio. Eu estava atrás dele, e como o seu cabeção – o de cima, que fique bem claro – estava na frente, não conseguia ver nada. Não sabia por que, mas estava muito ansioso pra ver aonde nós iríamos gravar. Nunca havia estado num estúdio de gravação de verdade antes. Na verdade, nós só havíamos tocado no nosso quartinho improvisado. Então, quando Lua nos ligou mais cedo avisando que gravaríamos às 16h, meu coração se acelerou de um jeito que nunca havia acelerado antes. Nem mesmo quando tive minha primeira vez, e eu jurava que nunca mais ficaria nervoso daquele jeito.
Sim, garotas, homens também ficam nervosos na primeira vez. Tive um amigo que chegou a vomitar um pouco antes de saber que ia rolar. Mas eu nunca faria isso. Nunca mesmo… Eu sou macho! Macho que é macho não vomita antes de algo importante como isso!
- Vai vomitar de novo, Thur? – Micael perguntou, e os três desataram a rir.
Droga!
Assim que eu entrei, meus pés não me obedeceram mais. Pedro e Chay, que entraram atrás – entraram atrás de mim no estúdio, que fique bem claro – assoviaram ao mesmo tempo, daquele jeito uau-isso-tudo-é-pra-mim?
As paredes e o carpete da sala técnica eram revestidos de madeira, e três cadeiras de couro gigantes estavam ocupadas por dois caras gordos e um magricela, que eu pensei ser o estagiário ou algo do tipo. O ar-condicionado estava na temperatura ideal, e, em cima da mesa vermelha – e gigante – encostada no fundo da sala estavam vários sacos do McDonald’s e vários copos da Starbuck’s. Em frente à porta grande e de aspecto pesado que dava acesso à sala de gravação, Lua nos esperava, com uma cara nada boa.
- O quê? – perguntei, alto o suficiente para que todos ouvissem, mas os três caras sentados com fones de ouvido nem sequer olharam para nós quatro ali parados.
- Regra número um, Aguiar: Nunca, e quando eu digo nunca, é nunca – ela entortou a boca de um jeito sombrio –, chegue atrasado em uma gravação. É o melhor jeito de impressionar seu produtor de uma maneira errada.
Uau. Ela sabia mesmo como ser assustadora às vezes.
- Foi mal, Lua, nós… – Pedro foi tentar se desculpar, mas ela só deu as costas e entrou pela porta pesada que dava à sala de gravação. Entreolhamos-nos e olhamos para os caras nas cadeiras, que ainda nos ignoravam. Então eu fui atrás dela, e os guys foram atrás de mim – novamente, de um jeito totalmente heterossexual.
Lá dentro, o ar-condicionado estava bem alto, mas eu sabia que depois de três segundos tocando estaria morrendo de calor, e ele seria necessário. O chão era forrado por um carpete cinza felpudo, e nós quatro tiramos os tênis e os deixamos na porta, imitando Lua, que estava descalça. As paredes eram duplas e fortemente revestidas por espuma, e a porta parecia aquelas de frigoríficos. No fundo da sala, uma bateria Mapex completa com pratos Zildjian reluzia, preta e perfeita. Ao seu lado, um baixo Musicman Stingray sunburst com o escudo preto estava descansando no apoio. Um pouco mais à frente, mais ou menos no meio da sala, uma guitarra Fender Stratocaster preta com escudo preto era a que mais chamava atenção. Um pouco para o lado dessa Fender, uma guitarra Gibson Les Paul vermelha com o escudo branco que, na minha opinião, era a mais bonita, fechava o círculo de instrumentos mais-caros-que-a-nossa-casa.
Meu queixo caiu.
Nós… Nós iríamos tocar com aqueles instrumentos ou só estava tendo delírios?
- Esses, hm, instrumentos agora são seus. – Lua me tirou do devaneio. Virei meu rosto completamente para ela. Seu queixo estava tenso, e seu cabelo solto, jogado pelos ombros. Os olhos, como sempre, pintados de preto, e as unhas roídas eram metade cor de unha, metade pretas. Mas, mesmo assim, conseguia ser bonita. Imaginei como seria quando eu a transformasse em uma garota vaidosa. Será que eu me apaixonaria por ela?
Haha, no way!
Mas, espera… Ela havia dito que os instrumentos seriam nossos e eu estava mais preocupado em pensar em como ela ficaria com as unhas pintadas?
Meu Deus, eu tinha que parar de assistir Extreme Makeover de madrugada!
Rápido.
- Isso é sério!? – Chay perguntou, com os olhos arregalados. – Isso é sério mesmo?
- Sim… Eu pensei que, bom, já que vocês vão ser produzidos pela equipe da minha madrasta, precisariam de instrumentos melhores, pro trabalho deles não ficar ruim. – ela deu de ombros, colocando a correia preta da Gibson Les Paul nos ombros. – E tomem um cuidado especial com essa aqui. Foi minha primeira guitarra.
Quem tem uma Les Paul como primeira guitarra?
Ah, espera aí: A enteada de uma das melhores produtoras do mundo tem.
Ela devolveu a guitarra no pedestal e colocou as mãos na cintura.
- E, por favor, me chamem de Lu. – então ela puxou as baquetas do bolso da calça e apontou para nós quatro. – E aí, vamos começar?
Continua..
Lua fodona, adoro ela nessa web, muito diva, uma les paulcomo primeira guitarra?? nossa queria ter essa sorte
ResponderExcluirConcordo plenamente bia...
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