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31/07/2012

"Contato Imediato"

               
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                                                                            Capitulo 3 


                                                  Três 

Eu geralmente me preocupava a toa com
 Mel. E dessa vez não fora diferente. 
Eu rezara demais para nada. Perdera as contas de quantas vezes minhas preces a Deus em prol de
 Mel foram em vão. Ou Deus as atendeu, não sabia a certo. O que eu sabia, era que mais uma vez, eu me preocupara gratuitamente com minha amiga, pois quando eu e o alien arrogante chegamos às barracas, Quenny estava displicentemente sentada, com o tal Chay a sua frente, gemendo de dor enquanto ela limpava terminava os últimos pontos em sua sobrancelha e aos seus pés jazia o kit de primeiros socorros que ela sempre preparado para alguma emergência. 
Ela riu de algo que ele estava dizendo ou mais parecia resmungando e eu me aproximei deles com toda a tensão possível empurrando meus ombros para baixo. Não era porque eu estava vendo
 Mel a salvo que isso significasse que ela realmente estava bem. Nunca se sabia com Mel. Literalmente, eu tinha um peso em minhas costas. E, colega, o medo pesava toneladas. Mais toneladas ainda se contarmos que eu estava com medo por mim e Mel ao mesmo tempo, pois se fossemos analisar o rosto contente de Mel, alguém tinha que ficar com medo ali. Ela ergueu os olhos para mim, quando fiquei atrás dela e logo viu o cara comigo também, ela sorriu com aquele jeito tão Mel e voltou os olhos para o curativo que ela colocava na sobrancelha do outro extraterrestre. 
- Oh!
 Lua, que bom que trouxe o Arthur. Ele precisa de alguns pontos e limpar esses ferimentos urgentemente. Eu já terminei com o Chay, não é? 
O alien de cabelos escuros que se chamava
 Chay sorriu para Mel de um modo delicado e levantou-se com a ajuda dela enquanto eu continuava olhando para Mel com os olhos quase arregalados. Arthur? Ela já sabia o nome dele! Sim, Mel era mais rápida do que eu pensava, mesmo. Eu salvara o filho da mãe e ele não me dissera o seu nome, já minha amiga que nem ao menos tinha tocado nele, já sabia até o seu nome. Sem contar as risadinhas que ela e Chay trocavam. Se aquela situação já não fosse surreal demais, eu poderia dizer que eles estavam flertando. O que, falemos sério, era impossível. 
Chay veio para perto de mim e me cumprimentou com um simpático meneio de cabeça enquanto mantinha uma mão na altura do peito, onde uma atadura estava por cima de seu corte. 
Desisti de tentar manter um contato não verbal com
 Mel e me abaixei perto da fogueira, pegando os galhos que eu deixara cair quando a nave dos dois caíra e passei a separá-los para poder acender a fogueira. 
- Não temos tempo para isso. -
 Arthur ou seja lá quem aquele alien metido a besta fosse andou por perto das barracas analisando o local como se procurasse por mais alguém. - Precisamos chamar a Nave Mãe, não temos tempo para ficar brincando de médico e paciente. Precisamos da Nave Mãe. 
- Sim. - concordou
 Chay e depois olhou nos olhos de Arthur profundamente, virando o rosto para nós em seguida, como se nos apontasse e depois o olhou com firmeza novamente. 
Não entendi o que estava acontecendo e decidi não prestar muita atenção nisso também. Continuei na separação dos gravetos com todo o cuidado. Era melhor prestar atenção em coisas desimportantes como a fogueira e não nos aliens que estavam perto de mim. Fogueiras eram a minha especialidade no Escoteiras do Amanhã, era a única coisa que eu conseguia fazer sem ninguém gritar comigo. Quando eu montava as barracas sempre vinha alguém me dizer que eu estava montando do lado errado, que a estaca não estava fixa o suficiente ou qualquer coisa assim.
 
Acender uma fogueira não era uma coisa muito difícil. Até
 Mel conseguia acender, não que ela gostasse de fazer isso. Era simplesmente separar os gravetos mais secos, fazer uma pilha com eles e acender. Nivel de dificuldade: iniciante. 
Virei meu rosto para
 Mel, certificando-me de que ela estava bem e vi que ela estava mais contente do que se eu tivesse lhe dado um passe grátis para a NASA. E isso porque visitar a NASA era o sonho de sua vida. Ela encarava Arthur e Chay fascinada, intercalando sua atenção entre o rosto de um e de outro e tentando de todas as maneiras manter o seu kit de primeiros socorros equilibrado, mesmo precariamente, em seus joelhos. A conversa silenciosa dos dois a estava deixando cada segundo mais embasbacada e eu senti muita vontade de rir da cara dela. Fiquei tentada a tirar uma foto da expressão que ela estampava, mas achei que seria maldade demais para com minha amiga. 
Mas sério, bem que ela poderia disfarçar, não é?
 
Não, nem eu mesma conseguia fazer isso. Eu deveria estar prestando atenção nos gravetos menos úmidos para montar a tal fogueira, mas o modo como os olhos de
 Arthur brilhavam me deixavam hipnotizada. Era algo com que eu nunca havia lidado antes em toda a minha vida. Ele despertava tantas sensações em mim e ao mesmo tempo em que eu não conseguia raciocinar direito. 
Os gravetos estavam espetando minhas mãos, mas olhar nos olhos de
 Arthur me deixava anestesiada, me deixava entorpecida. Simplesmente encarar aquela piscina chocolate já trazia todas aquelas situações conflitantes para o meu corpo. 
Eu e
 Mel ainda tínhamos os olhos fixos nos dois quando Arthur virou-se para ela num quase grunhido: 
- Tudo bem. Pode fazer esses... Pontos.
 
Arthur era tão arrogante! Se ele fosse da Terra, com certeza seria um daqueles caras irritantes e metidos da Nasdaq ou Wall Street. Bem a cara dele mesmo. Com aquele suéter de gola alta, parecendo tão... Tão...
 
Filho da Mãe. Sim, essa era a palavra que mais se encaixava àquele metido. Era obvio que ele não era da Terra. Nem as pessoas da Terra conseguiam ser tão irritantes. Elas tinham um limite. Bem baixo, sabemos. Mas
 Arthur não tinha esse limite. Ele era arrogante demais, metido demais, irritante demais. Entorpecente e sedutor demais. 
Não. Foco. Eu tinha que manter o foco. Então voltei minha atenção já bem desfocada, para o planejamento da minha fogueira.
 
Mel estava tão distraída quanto eu, talvez até mais, e
 Arthur precisou repetir o que ele havia dito para que ela finalmente pegasse um pedaço de algodão e o embebesse no antisséptico. 
- Sente-se aqui,
 Arthur. 
Ele sentou-se no pequeno tronco na frente dela e fechou os olhos já antecipando a dor que sentiria. Ela passou o algodão por cima de seu corte, com todo o cuidado e ele gemeu baixo, rangendo os dentes numa tentativa de segurar qualquer demonstração de dor. Ele era bem capaz de arrancar a mão dela a dentadas, mas não fez isso. Simplesmente ficou lá rangendo os dentes enquanto ela começava a dar alguns pontos em seu supercílio, com todo o cuidado.
 Arthur apertava as beiradas do tronco com força, mas não soltou mais nenhuma interjeição que pudesse ser considerada de dor. Ele não queria parecer fraco diante de nós. Mais uma mostra do quão convencido ele podia ser. 
- Quer ajuda com essa fogueira? -
 Chay me perguntou, sentando-se ao meu lado e separando alguns dos gravetos que estavam mais molhados sem nem ao menos esperar minha resposta. Ergui os olhos para ele, que me olhou intensamente com os mesmos olhos chocolates e dessa vez fora diferente. Os olhos de Chay eram mais doces, mais como chocolate mesmo. Se fossemos comparar realmente os olhos de Chay e Arthur a chocolates, os de Arthur seriam algo como chocolate amargo. Aqueles que a gente adora comer, mas que dá uma vontade absurda de beber água depois. Os de Chay seriam o chocolate ao leite. Doces, suave e que derretem facilmente. 
Sorri para
 Chay não sabendo o que falar a ele e lancei um olhar para onde Mel e Arthur estavam. Ele já estava com um grande curativo na sobrancelha e no momento ela dava dolorosos pontos no corte que ele tinha no braço, já limpo devidamente por Mel. Meus olhos foram atraídos pelas grandes orbes chocolates de Arthur como se estes possuíssem imas. Ele me olhou de volta tão fixamente que era como se ele pudesse ler qualquer coisa que eu estava pensando, como se ele conhecesse o que havia dentro de mim. Ou talvez, como outra coisa. 
Como se ele quisesse se comunicar comigo pela minha mente.
 
Abaixei a cabeça, me virando novamente para os galhos no chão à minha frente tentando desesperadamente quebrar aquele contato.
 Arthur conseguia nublar minha mente sempre tão racional. Em anos ninguém nunca tivera o poder de me desarmar apenas com o olhar. E Arthur conseguia isso. Ele parecia poder ler meus pensamentos, apenas fixando os olhos dele nos meus, era como se ele soubesse exatamente o que se passava pela minha cabeça. Soubesse o que eu precisava, o que eu queria. 
Irritada com o mixer de sensação que vinha em minha mente quando nossos olhos se encontravam, virei para
 Chay que também me encarava, dessa vez de uma maneira menos intensa do que Arthur encarava normalmente. Chay sorria para mim com uma expressão divertida no rosto, virou-se para Arthur em seguida, deu uma risadinha e continuou a separar os galhos. 
Continuei mexendo nos galhos sem realmente vê-los até
 Chay rir um pouquinho mais alto. Virei-me para ele com minha raiva contida e perguntei entre os dentes: 
- Qual o problema com ele, hein?
 
- Está molhado. -
 Chay respondeu erguendo o graveto que ele iria separar, achando que eu estava falando sobre isso. Mas logo percebeu o real assunto. Achei na verdade que ele só estava tentando ganhar tempo antes de dizer o que realmente pretendia. - Ah! Arthur? Bem, ele tem que ser assim. Faz parte do que ele é. 
- O que quer dizer com isso? - perguntei me aproximando de
 Chay, dessa vez sem temer que ele tirasse uma nave do bolso e me abduzisse. 
Eu poderia ser bem medrosa, mas meu medo era muito pequeno se comparado à minha curiosidade. Afinal, eu não seria uma boa jornalista se não fosse curiosa. E naquele momento, ela estava à toda, formando inúmeras perguntas em minha mente, perguntas que eu fazia plena questão de travar em minha língua.
 
Eu nem me lembrava mais que estava com medo de nossos novos “amigos” ficarem verdes de repente, tirando aquela pele rosada com um zíper e nos atacarem, matando a gente no processo e deixando os corpos perto da água prontos para serem levados pelas ondas e assim encobrirem o assassinato.
 
Céus, como minha imaginação trabalhava!
 
Chay se aproximou de mim, olhando de canto para
 Arthur e depois voltou-se para mim respondendo baixinho: 
- Ele não me deixa dizer. Talvez... - ele disse olhando para
 Arthur que parecia ainda mais carrancudo encarando-nos enquanto Chay abaixava-se mais, fazendo uma pausa estranha e depois levantou a cabeça para Arthur mais uma vez, rindo a plenos pulmões, dizendo em voz alta para que Arthur também pudesse escutar. - Ele queira contar para você ele mesmo. 
Antes que
 Arthur pudesse fazer algum comentário mordaz que despejasse toda a fúria que ele tinha nos olhos, Mel deu um ponto mais repuxado, fazendo o homem dar um gemido mais alto e olhar feio para ela, que ficou vermelha e abaixou a cabeça se desculpando. Não que ela estivesse com medo, conhecendo Quenny como eu conhecia, sabia que aquilo não era medo. Na verdade, duvidava seriamente que ela estivesse com medo de qualquer um dos dois, ou de ambos, quem sabe? Ela parecia cada segundo mais encantada enquanto cuidava dos ferimentos de Arthur. Conhecer outra civilização, de preferência extraterrestre era um dos sonhos da vida de Mel e conhecer Arthur e Chay devia estar beirando a realização dele. 
Conhecer ETs estava bem longe do sonho de minha vida. Mas eu não queria pensar nas coisas impossíveis com as quais eu sonhava, por isso terminei de separar os gravetos, arrumando-os em uma pilha grande para poder acender a fogueira.
 
Chay, ao meu lado colocou uma das mãos no curativo extenso de seu ombro e sobrou o local que parecia estar ardendo e imaginando a quantidade de antiséptico que
 Mel provavelmente passara no local, estava realmente ardendo. Meus olhos se fixaram no alien ao meu lado, prestando atenção em todas as características do rapaz ao meu lado. Chay era muito bonito e seu jeito simpático e agradável me fizera gostar dele, apesar de todo o temor que percorria em minhas veias. Apenas a palavra alien me deixava aterrorizada. 
Mas
 Chay não era bonito o suficiente para manter meus olhos nele por muito tempo. O corpo de Arthur era um ima para os meus olhos. Por mais que eu tentasse mantê-los fixos na fogueira que eu tentava acender, os olhos de Arthur pareciam chamar os meus e fazê-los se encontrar. Mas eu tinha um controle muito bom, fiz questão de manter meus olhos baixos para os galhos empilhados, mas altos o suficiente para ver Mel andando disfarçadamente na direção de Chay, até mesmo chutando pedrinhas para disfarçar que estava indo para perto do alien com outras intenções. Mas a intenção principal ainda me era desconhecida. 
Chay sorriu para ela e ajudou-a a guardar o resto dos medicamentos dentro da caixa de primeiros socorros.
 
Arthur saiu de perto de
 Chay e Mel e ficou bem perto de mim, mal sabendo o quanto meu coração batia forte apenas por tê-lo tão próximo. A mão dele veio para perto de meu ombro como se ele quisesse me tocar para me fazer prestar atenção em algo que ele fosse dizer, mas com Arthur recolheu a mão com rapidez, me deixando órfã apenas de imaginar o contato que estaria por vir. 
- Não precisa perder tempo acendendo essa fogueira. E perdendo muito tempo, já que está aí há horas e ainda não atendeu. – antes que eu dissesse algo para rebater, ele olhou paraChay com firmeza como se comunicasse com ele pelos pensamentos e depois disse em voz alta, mais como para repetir o que já dissera na mente de
 Chay. - Precisamos ir. 
- Pra onde vão? - perguntamos
 Mel e eu em uníssono. Geralmente não fazemos essa coisa tão infantil, mas como ambas somos curiosas demais, quando a curiosidade atinge níveis alarmantes, isso acontece. E no momento os níveis alarmantes já tinham sido superados e estavam atingindo o infinito e alem. Não nada a ver com infinito era seguro no momento. 
- Temos que chamar a nave mãe para nos resgatar da Terra, limpar nossas evidências e a mente de vocês.
 
Ante a resposta de
 Chay, que fora tão suave e parecera até mesmo que era uma boa coisa, olhamos atônitas para eles e Mel estava a ponto de chorar de desespero apenas com a possibilidade de esquecer que conhecera pessoalmente dois aliens e vira uma nave espacial quente e de perto. Era mais que óbvio que ela não queria esquecer aquela experiência. Tinha quase certeza de que quando ela chegasse em casa, ela escreveria tudo aquilo em seu caderninho estrelar, aquele que ela tinha desde os oito anos e que eu ajudara a recortar todas as estrelinhas de papel laminado e a escrever com glitter coloridos as palavras “espaço” e “amigas”, caderno esse que Mel mantinha até hoje anotando as coisas que mais marcavam a vida dela. E com direito a todas as descrições e detalhes possíveis. E depois de conhecer Arthur e Chay e naquelas circunstancias, er
a bem capaz que
 Mel chegasse em casa já procurando uma caneta e tirando o caderninho estrelar debaixo da cama. 
Já poderia até ver o número de descrições que ela faria. Eu tinha uma memória absurda para detalhes, mas acho que não conseguiria descrever algumas coisas nem mesmo se eu quisesse. Como por exemplo os cabelos de
 Arthur. Aquela cor não se encaixava em nenhum padrão que eu já conhecera. Naquelas paletas de tintura que as cabeleireiras entregavam antes de decidirmos a cor exata da tintura, eu tinha certeza de que não existia a matiz dos cabelos dele. Aquela cor era única. Mas como descrevê-la? Loiro acobreado intenso? Não, muito claro. Castanho claro dourado? Também não. Olhei-os brilhando à luz da lua e descobri que perfeito era o que melhor descrevia aqueles cabelos que aparentavam maciez incrível e que pareciam chamar meus dedos para tocá-los. 
- Não podemos deixar que fiquem com memórias nossas em suas mentes, pode ser perigoso demais tanto para nós quanto para vocês mesmo. –
 Arthur encarou Mel enquanto falava e sua voz ficou tremula ao perceber que a minha amiga chorava sem parar, derrubando lágrimas sentidas que eram abafadas pelas próprias mãos dela. Aproximei-me para confortá-la, mas congelei onde estava vendo Chay dar um passo à frente e colocar a mão no ombro de Mel, que levantou o rosto para ele, com uma expressão confusa e depois abriu um sorriso lindo ao notar de quem era a mão em seu ombro. 
- Sinto muito, mas é necessário.
 
- Eu... Não quero... – ela choramingou, mas as suas palavras não valiam de muita coisa, já que de toda a forma os dois tirariam as nossas memórias por colocá-los em risco. E se nos colocaria tão em risco também, eu até agradecia a eles por tirarem as nossas recordações deles.
 
- Precisamos ir agora. A ARE não demorará a chegar quando souber que a nossa nave caiu no perímetro dela. E, sinceramente, eu não estou com paciência para os agentes da ARE.
 
Fiquei tentada a perguntar o que era a ARE e o que os agentes dela tinham para fazer alguém perder a paciência, não que fazer alguém como
 Arthur perder a paciência fosse muito impossível, mas Chay também parecia não querer encontrar a ARE, o que me deixou ainda mais curiosa a respeito dela. A pergunta veio na ponta da minha língua mas o olhar repreensivo que Arthur me lançou, fez com que todas as palavras que eu estava para dizer morressem na minha boca. 
Arthur andou para perto da floresta mais uma vez e olhou com firmeza para
 Chay e este tirou a mão do ombro de Mel e deslizou-a pelo seu braço com um sorriso tímido e sentido e segurou a mão dela por alguns minutos. Eu pensei em rir ao ver a pele de Mel se arrepiar imediatamente ao toque de Chay, mas decidi não fazer isso. Ela já parecia envergonhada o suficiente. 
Com mais um olhar impaciente para
 Chay, Arthur demonstrou o quanto estava com pressa, Chay foi para o lado dele, e ambos andaram para as arvores, quando estavam quase entrando na floresta, Chay voltou-se para nós com as últimas instruções antes de partir: 
- Não fiquem aqui. Desmontem a barraca e guardem tudo o mais rápido possível, daremos um sinal e assim que o dermos, saiam daqui com a maior velocidade que puderem. Se ficarem aqui serão investigadas pela ARE sobre nós e não sabemos quando a nave nos buscará e poderemos apagar a mente de vocês, por isso é da maior importância que corram daqui para não serem ligadas a nós e se encrencarem. Entenderam?
 
Respondemos que sim, juntas novamente, eu com um tom de voz firme de quem entendera as instruções e as obedeceria assim que as ordens fossem dadas e
 Mel com um tom de voz choroso que mostrava que ela bem poderia implorar para que eles ficassem, se Harols passasse maisalguns minutos olhando para ela. O que ele não fez, correndo para onde Arthur estava e entrando acompanhado dele no pequeno bosque. 
Assim que os dois saíram do nosso campo de visão, eu me preparei para o que viria a seguir. Não que eu fosse vidente ou algo do tipo, apenas conhecia
 Mel tempo demais para saber, assim que me virei para ela, que ela estaria com as duas mãos no rosto e formando um “o” fofo com a boca, num indicio mais que claro de que ela começaria a gritar em êxtase em não mais que três segundos. Talvez sapateasse também. Era bem óbvio que ela iria fazer aquilo, já que Mel se empolgava apenas com algumas estrelas e um cometa, eu tinha medo de pensar na verdadeira reação dela por termos sido afortunadas em conhecer dois aliens. 
Para mim, eu não era nada afortunada. Eu bem preferia ter passado a minha noite assistindo qualquer filme romântico, em especial um dos filmes do Patrick Swayse e aproveitar o calor da minha cama. Preferia muito mais esse programa chato que sentir aquele mixer de sensações mais uma vez.
 
Mel gritava na minha orelha sem nenhuma piedade de meus tímpanos extravasando toda a sua emoção por conhecer
 Arthur e Chay e ver uma nave espacial de perto enquanto eu não prestava atenção em nem apenas uma das loucuras que ela esguelava, minha mente estava fixa no redemoinho de pensamentos que rodeavam à minha volta. 
- Meu Deus! E eles são tão simpáticos. –
 Mel disse empolgada quando finalmente prestei atenção em seus gritos histéricos, preocupada com as suas cordas vocais. Meus tímpanos já estavam mais que acostumados com as reações extremas de Mel. 
Céus! Se ela já gritava assim pó nada, eu teria medo do momento em que ela fosse dar a luz. O hospital teria que arrumar abafadores para todos os pacientes e junta médica. E como tenho certeza de que
 Mel não me deixaria de fora num desses momentos, eu precisaria de dois desses abafadores, quem sabe três. 
-
 Chay é simpático. – corrigi Mel com os olhos fixos nas arvores esperando um sinal deles, ao mesmo tempo em que chutava os gravetos e começava a desmontar as barracas. 
-
 Arthur também é. Você só diz isso porque não conversou com ele. 
Tirei a última estaca de minha barraca olhando para ela incrédula. Como se ela tivesse conversado mais que eu.
 
- Ah,
 Mel! Fala sério! 
Ela terminou de amarrar as pernas do tripé do telescópio e olhou para mim com o rosto vermelho, provando que ela estava envergonhada por algum motivo.
 
- Tudo bem,
 Chay é mais simpático que Arthur. 
E com essas palavras ela ficou ainda mais vermelha e abaixou a cabeça, cuidado de desmontar o telescópio enquanto eu terminava de desmontar as barracas e guardar tudo dentro do porta-malas. Sempre com os olhos nas arvores mais adiante, continuei desmontando e guardando os utensílios de nosso acampamento.
 Mel já tinha terminado de desmontar o seu telescópio e já, inclusive, o tinha guardado, andando atrás de mim falando sem parar por pelo menos um instante enquanto eu ainda trabalhava. 
- Nossa, e você viu quando eu estava dando pontos nos braços dele... – ela continuou falando mas não prestei muita atenção. Esse era o segredo para lidar com
 Mel, não escutar tudo na integra. Isso ajudava muito a nossa amizade a durar tanto tempo. Eu não escutava algumas coisas e ela ignorava o meu mal humor muitas delas. 
- Jura?
 
- Juro? E parece que o coração deles bate mais forte que o nosso, sabe? Céus!
 Chay é tão divertido! E aquelas roupas, então?! Eu achei que eles ficaram divinos com aquelas golas altas. Não acha? É, eu também acho que preto é a cor perfeita para lês. – ela respondeu a um comentário que eu não fiz e segurei a risada com muito custo. – Lua, você viu aqueles cortes? Estou preocupada se eles saberão trocar os curativos no planeta deles. Será que eles tem um kit de primeiros socorros na nave? 
-
 Mel, já parou para pensar que por um acaso, eles tenham uma cicatrização rápida. 
- É, pode ser... – ela parou cogitando a minha solução dada apenas para ela colocar uma virgula naquela oração que ela estava fazendo. Se eu não parasse as palavras dela, com certeza ela falaria por muito mais tempo, deixando a minha cabeça ainda mais zonza.
 
-
 Lua... – ela chamou – Acha que eles vão fazer a gente esquecer? Sabe, eu realmente não queria esquecer que eu encontrei um homem como... Pessoas como... 
-
 Mel. – parei de guardar as coisas no porta malas e me virei para ela pronta para ralhar com ela, mas seus olhos estavam tão brilhantes e preocupados que eu não tive coragem de dizer qualquer coisa mais ofensiva. – OK. Porque não vai ligando o carro? Precisamos ir embora, só precisamos esperar o sinal. 
Ela assentiu e foi na direção do carro mais contente ainda por eu não estar brava com ela por estar falando demais. Na verdade,
 Mel não estava realmente falando comigo. Ela estava mais fazendo um monólogo que qualquer outra coisa. Mel sempre fora boa com isso, mas ver minha amiga tão empolgada ligou o meu alarme de preocupação. Ela era avoada demais, sonhadora demais, e era minha obrigação como amiga dela cuidar para que ela não se deslumbrasse demais. 
Olhei para as arvores mais uma vez e vi uma luz verde brilhar por entre as arvores. Fiz um sinal afirmativo com a cabeça, mesmo sabendo que eles não o veriam e antes de me virar para o carro, pronta para seguirmos para longe dali, dei mais uma olhada para as arvores, me certificando de algumas palavras antes de dizer algo para
 Mel. 
- Hey. Não adianta nada ficarmos tão empolgadas. – ela me olhou um pouco confusa, enquanto eu abria a porta do carro e me sentava ao seu lado. – Você mesma sabe que isso foi apenas um contato imediato. Eles não vão voltar, e mesmo se voltarem, até lá eles já terão limpado a nossa mente e não nos lembraremos dele, mesmo se cruzássemos com eles na 5ª Avenida e parássemos olhando. E você sabe disso.
 
Ao contrario do que eu pensei que aconteceria,
 Mel não me olhou com lágrimas nos olhos ou ficou emburrada comigo, fazendo biquinho e batendo a porta do carro. Ela simplesmente sorriu e segurou minha mão que estava apoiada no carro com um sorriso radiante que me fez sorrir também. 
- Pois eu,
 Lua, acho que vamos nos lembrar deles se olharmos para eles na Times Square, sabia? Eu sou uma pessoa intuitiva e dessa vez minhas intuições me dizem algo. 
Sentei-me no banco do carona ao lado da minha melhor amiga perguntando a ela o que as suas intuições tanto diziam.
 
Mel ajeitou-se alegremente diante o volante e ligou o radio deixando uma melodia desconhecida para nós soar dentro do carro antes de responder com um sorriso ainda mais radiante.
 
- Minhas intuições me dizem que isso é apenas o começo. E você sabe que minhas intuições não falham, não sabe?
 
Eu sabia. E era exatamente por isso que eu estava tão tensa. Pensar que aquilo era apenas o começo era aterrorizador demais para mim. Dessa vez não por pensar que
 Arthur e/ou Chay pudessem tirar uma nave do bolso e nos abduzir. Dessa vez porque eu tinha medo do mixer de sentimentos que sempre me invadia toda vez que aqueles olhos castanhos se prendiam nos meus e eu não conseguia ir contra a força daqueles orbes chocolates. Era como se eles me puxassem para Arthur. Exatamente como uma ima que me fazia perder o controle. 
E isso era o que eu mais temia. Perder o controle.
 
- Confie em mim,
 Lua. Estou escutando atentamente minhas intuições. 
- Eu confio em você,
 Mel. 
Ela mudou a marcha para sair da pequena trilha que dava na autoestrada e olhou para mim por alguns momentos antes de entrar na rodovia, como se me olhasse e escutasse algo ao mesmo tempo.
 
- Dessa vez será diferente para nós duas. Minha intuição me diz isso. Conhecer
 Arthur e Chay foi apenas o inicio dessa diferença. Vem muito mais pela frente. 
Rezei baixinho para que pela primeira vez desde que eu conhecera
 Mel, que ela estivesse errada. Que desta vez não fosse como quando ela dissera que iríamos ficar de recuperação de química e realmente ficamos, ou quando ela disse que eu iria conseguir passar na faculdade com a terceira melhor media e realmente passara. 
Céus, que dessa vez fosse diferente. Que
 Mel estivesse errada. 
Quase postei minhas mão para Deus entender realmente minhas preces.
 
Pois se ela estivesse certa, o mixer estava apenas começando.
 
E por que algo dentro de mim me dizia que dessa vez não era diferente?
 
                                                                                                                     Direitos Autoriais: Elle S.



7 comentários:

  1. Sério.. essa web tá muito boa, você escreve muito bem e descreve tudo com detalhes fascinantes ! Amando muito a web, os capítulos estão cada dia melhores ! Posta mais.. !

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  2. Nossa vc escreve maravilhosamente bem.
    Gostando muito da Web. Posta +, Please!!

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  3. posta mais pf,estou amando mto esta web!

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  4. NÃO É ELA QUE ESCREVE SUA BURRA ELA SÓ COPIA DAQUI E MUDA OS NOMES ----> http://fanficobsession.com.br/fanfics/c/contatoimediato.html

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