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11/08/2012

"Contato Imediato"

    Capitulo 10                                                                         

Dez

Eu não podia acreditar que iríamos até Wyoming.
 
Eu era uma pessoa que necessitava do barulho de transito e do cheiro da poluição, assim como um peixe precisa de água para viver. E isso não era apenas uma metáfora. Era sério. Eu respirava tanta poluição que achava que meu pulmão não funcionaria sem ela. Ar puro deveria ser capaz de me matar. Céus! Wyoming tinha algo além de tratores e montanhas, coisa que eu só sabia porque além de ver um pouco sobre isso na escola, na verdade muito pouco mesmo, já que eu não era uma boa aluna quando o assunto era geografia, eu assistira O Segredo de Brokeback Mountain. Então, para mim, Wyoming tinha tratores, montanhas e gays. Não de um modo preconceituoso, claro. Ah, como eu pude me esquecer daquele monte de lagos por todo o lugar e dos campos onde se era proibido construir casas, apenas para deixar o campo livre, leve e solto? O que para mim, sempre acostumada com casas e prédios para tudo o que era lado, era uma baita idiotice.
 
Pode parecer preconceito contra o glorioso estado das montanhas rochosas, mas pra mim, aquele estado não era visto com bons olhos. Talvez pelo fato de ter a menor densidade populacional e por isso ser um estado impossível para encontrar minha alma gêmea. E se eu não estava achando no estado de Nova York que tinha pessoas vazando pelas casas, era mais que certo que eu não encontraria onde havia uma pessoa a cada 100.000km.
 
Se eu tivesse uma alma gêmea, não podemos nos esquecer deste fato. Era ele quem fazia toda a diferença. Saber que eu não tinha uma alma gêmea era torturante demais. Irritada com isso, apoiei-me contra a janela, vendo a estrada enquanto mais uma música, totalmente sem noção, do Backstreet Boys começou a tocar no carro e
 Mel a esgoelou ainda mais alto dessa vez e eu quase ri da expressão de felicidade por estar tocando mais uma música daquela boyband estúpida, já estávamos dirigindo há uma hora e desde que saíramos de Nova York, ela não parava de cantar e/ou falar. Incrivelmente ela parecia conhecer todas as músicas que tocavam na rádio, e as que ela não gostava, davam a Mel a oportunidade de falar sobre coisas desinteressantes como os problemas com o último estoque de essência de sândalo que chegara na loja onde ela trabalhava. 
E fazia perguntas de igual importância a mim e
 Arthur, que respondíamos apenas com monossílabos, fazendo ela reformular a pergunta ou emendar umas vinte mais até respondermos uma frase que ela julgasse satisfatória como continuação de conversa. 
Chay não, ele respondia com o maior prazer, as vezes até mesmo fazia perguntas sobre as músicas para ela, não que estivesse realmente interessado, mas como se quisesse que ela soubesse que poderia falar com ele o tempo que fosse que ele estaria ali para ouvi-la. O que, claro, tornou o meu mau humor ainda pior. Esse negócio todo de
 Mel e Chay serem almas gêmeas era muito doloroso para mim, que sabia que nunca encontraria a minha. E depois de tudo o que acontecera com Rico mais cedo, a minha vontade de encontrar qualquer alma masculina, fosse gêmea ou não, era mais que nula. 
Depois dos primeiros quinze minutos de falação sem parar de
 Mel, e isso não era um eufemismo, eu já não estava mais prestando atenção. Apenas murmurava algum "jura?" ou "nossa!" de vez em quando, para ela pensar que eu estava prestando atenção no que ela dizia, mas se me perguntasse eu não saberia dizer sobre o que ela estava falando realmente, ela emendava um assunto no outro e depois o parava para cantar alguma das canções que tocavam a todo volume no rádio. E ela estava fazendo isso de novo no momento, já que acabara de falar sobre uma antiga conhecida nossa dos tempos de colégio e do nada começara a cantar uma das músicas do extinto Five e pela olhada que ela me dera pelo retrovisor tinha certeza de que ela estava cantando aquela música para mim, que dizia algo sobre reagir quando se estiver deprimido, olhar ao redor e seguir em frente. 
De repente percebi que não era somente para mim que ela estava cantando. E a altura de sua voz não tinha a ver apenas com o fato de ela amar toda e qualquer boyband que existiu ou já tenha existido.
 
Eu sabia exatamente o que ela estava fazendo. Conhecia bem a minha amiga. Ela estava ocupando a mente para não pensar no Adeus. Eu sabia que essa era a palavra que mais machucava
 Mel e não gostava nem ao menos de imaginar o que aconteceria quando chegasse a hora de ver a nave levar Arthur e Chay. 
Eu gostava de pensar que seria mais ou menos como no último dia do colégio quando dei adeus aos velhos amigos com um tanto de pesar, mas contente por estar me livrando de mais uma etapa em minha vida e indo rumo à minha futura carreira de jornalista. Mas agora era diferente. Não era aos amigos de escola que eu teria de dizer adeus, e eu não tinha mais uma etapa a avançar.
 
Chay não parecia se importar com a cantoria de
 Mel, que estava alta e perto de mais de sua orelha, mas eu sabia que ele estava preocupado com alguma coisa. O jeito com que ele olhava para ela provava isso muito bem. De minutos em minutos ela também olhava para ele discretamente, como se estimasse quanto tempo levaria para esquecê-lo. 
Boa pergunta. Quanto tempo levaria para esquecer a presença daqueles alienígenas? Semanas? Dias? Meses? Com certeza menos de alguns minutos, afinal eles já haviam prometido apagar nossas mentes assim que chegássemos onde a nave mãe estava. Eles tirariam de nossas mentes todas as lembranças que tivéssemos com eles. Eu duvidava que eles conseguiriam tirar lembranças do coração. E duvidava também que
 Chay fosse apagar a mente de Mel. 
Virei o rosto para
 Arthur, que estava displicentemente sentado ao meu lado, olhando fixamente para a janela como se eu não estivesse no banco de trás com ele. Ele estava pensativo e não tirava os olhos do lado de fora como se pudesse haver algo de interessante na pista lá fora, até que virou-se para mim com as sobrancelhas erguidas e os olhos chocolates fixos em mim perguntando: 
- Algum problema,
 Lua? 
Fiz que não com a cabeça depressa e ele se virou para a janela de novo, como se não quisesse perder tempo comigo. Por que ele tinha que ser tão arrogante? E por que ele implicava só comigo? Ele não era exatamente um doce com
 Mel, mas a tratava com um pouco mais de respeito e ainda por cima não ficava dando essas tiradas cheias de arrogância e pretensão para cima dela. O problema era comigo mesmo, só podia ser. 
Como eu não tinha uma resposta para as minhas perguntas, fiquei ainda mais impaciente e recorri à estrada sem atrativos para ocupar a minha atenção mais uma vez até a voz de
 Mel chamar minha atenção. 
- Vamos parar em Waynesburg para abastecer, ok,
 Lua? Aí trocamos e você dirige até Indiana. 
- OK. - disse despreocupada. Graças a Deus eu dirigia um pouco mais rápido que ela e com certeza em menos de quatro horas eu já teria dirigido por toda Ohio. OK, um pouco de exagero de minha parte, mas pelo menos chegaríamos bem perto de Indiana nesse tempo. Eu garantia. Mas até que
 Mel não estava indo muito devagar. O fato de ela cantar prejudicava a atenção dela e por isso ela andava bem mais devagar que eu, que apenas ouvia o rádio, não cantava com ele. 
Não demorou muito para chegarmos em Waynesburg. E eu dei graças a Deus a isso. Quando meus olhos focalizaram mais que aquelas tarjas amarelas e brancas da estrada e placas de sinalização, foi como se eu tivesse visto uma verdadeira aparição divina. As cores da cidade grande explodiram em meus olhos e o cheiro indescritível de empresas fabris me deixaram animada. Viajar me deixava mal humorada. Viajar para um lugar que eu não conhecia e não tinha nenhuma atratividade para mim me deixava ainda pior.
 
Por isso eu não via a hora de entrar na cidade e sair de dentro do carro para sentir na pele que estávamos realmente em uma cidade grande e eu não estava tendo um daqueles tipos de miragem de estrada.
 
Esticar as pernas também seria uma boa idéia, mas eu acreditava que não teríamos muito tempo para andar pela cidade. Wyoming nos esperava.
 
Da entrada para o posto de gasolina não pude ver muitas coisas características de cidade grande, mas as poucas que eu vira ajudaram bastante a melhorar o meu estado de espírito. Ver um prédio quase me fez sair correndo e abraçá-lo. Era tão bom ver mais que estrada que eu estava quase abrindo a porta e saindo do carro com o mesmo em movimento.
 
Mel estacionou o carro com cuidado e apanhou a bolsa, espreguiçando-se assim que saiu de dentro de seu pequeno automóvel, fiz o mesmo e respirei profundamente me sentindo bem melhor ao sentir aquele cheiro de cidade grande. Não tão bom quanto o de Nova York, mas aceitável.
 
Minha amiga se preparou para abastecer o carro, e eu saí, esticando as pernas, em direção à loja de conveniência. Caso fosse eu quem dirigiria o carro por agora, eu precisaria de meu combustível para poder resistir mais tempo no volante.
 
Chocolate. Quem sabe uma lata de refrigerante de cola entrasse no pacote. E algumas bolachas recheadas e... Ok. Eu precisava comer no volante para me sentir mais acordada. Café também seria uma boa pedida, mas eu não confiava muito nos cafés de postos de gasolina, eles conseguiam ser piores que os cafés de
 Arthur. 
Entrei na pequena loja sem nem ao menos olhar para os lados para ver quem estava ali, indo diretamente à seção de chocolates, pegando seis deles, na sua maioria ao leite e amargos, e em seguida abrindo o refrigerador em um dos cantos e agarrando um engradado de latas de refrigerante de cola. Em direção ao caixa achei a seção de biscoitos recheados e já coloquei vários deles na pilha que eu estava carregando em direção à saída, onde ficava o caixa.
 
De tão contente que estava, apenas notei vagamente os dois motoqueiros parados atrás de mim, notando que o eram apenas pelas roupas de couro e as chaves inconfundíveis de suas motos nas suas mãos. Não me importei com o fato de eles estarem atrás de mim com menos itens que eu, na verdade, apenas dois itens, dois grandes engradados de cerveja barata. Continuei relaxadamente na fila, esperando a minha vez de pagar o que eu havia pego, o que não demorou muito a acontecer e logo eu sai da loja, contente com minhas duas sacolinhas cheias de doces e o melhor de tudo, pagos a dinheiro para não haver a possibilidade de sermos rastreados desta vez.
 
Assim que atravessei a porta da loja de conveniência,
 Arthur apareceu ao meu lado e me agarrou pelo braço quase me arrastando como um velho homem das cavernas até o carro, onde ele me jogou no banco da frente quase derrubando as minhas sacolas com a sua violência. Me assustei com a sua reação mesmo sem eu ter feito nada. E dessa vez, eu realmente tinha certeza de que eu não tinha feito nada. 
Coloquei as sacolas no banco do carona e sai do carro e parei em frente a
 Arthur encarando-o nervosa pela ceninha que ele dera me meio ao posto. Eu odiava que me tratassem como uma idiota, como ele fizera há poucos minutos. 
- O que você pensa que... – ele me empurrou de volta ao carro e bateu a porta para que eu não saísse de lá, e quase correndo deu a volta pelo carro e entrou no lado do carona parecendo mais furioso a cada instante. E à medida que a fúria dele aumentava, a minha indignação ia na mesma proporção.
 
- Você está no cio?
 
Arregalei os olhos olhando em volta para ver se alguém mais escutara aquilo, mas graças a Deus,
 Mel estava pagando a gasolina enquanto Chay estava parado ao seu lado de um modo protetor. Ele havia realmente perguntado aquilo e com aquele tom de voz tão alto mesmo?Eu devia estar em algum 
- O quê? - perguntei sem entender o que ele queria dizer. Talvez a palavra "cio" tivesse outra definição no planeta dele, quem sabe. Se tivesse a mesma definição que tivesse aqui, isso era passível de um tapa ruidoso na cara.
 
- Você está no cio, por acaso? - ele agora gritava enquanto gesticulava fazendo círculos com as mãos, me deixando nervosa por ter aqueles olhos chocolates fixos nos meus e tão faiscantes. Se eu não soubesse que ele estava nervoso, com certeza seus olhos me deixariam saber disso. Seu corpo ajudaria, já que todos os seus maravilhosos músculos estavam retesados. Mesmo assim eu não conseguia entender o que ele estava falando e se ele pensava que os seus gestos estavam me ajudando a entender, ele não poderia estar mais enganado.
 
- Cio?
 
- É, não escutou? Cio? - ele gesticulou as letras da palavra como se eu fosse uma retardada. O que eu deveria estar parecendo no momento. - Cio. Porque deve ser o que está acontecendo.
 
- Cachorras de rua têm cio... - disse sem entender aonde ele queria chegar. Talvez se eu lembrasse a ele o que significasse cio, ele pudesse entender que devia estar usando as palavras erradas comigo. Eu sabia exatamente o que significava cio e não era uma palavra nada gentil para ser usada numa frase como “Você só pode estar...” O que ele pensava que estava falando? Ou melhor, que eu era? Olhei para onde
 Chay e Mel ainda esperavam a sua vez no caixa e voltei o meu olhar para Arthur ainda sem compreender a mensagem. 
- Você deve estar no cio. - eu abri a boca indignada com as palavras dele, que depois de tantas tentativas só deveria significar aquilo mesmo. E suas próximas palavras mostraram que ele não estava mesmo confundindo as palavras. - Todos os homens que te vêem pensam em... Caramba,
 Lua! Será que eu vou ter que correr atrás de você por todos os lugares para que ninguém tente abusar de você? Como uma espécie de guarda costas ou alguma coisa assim? 
- Ninguém ia abusar de mim agora. Você que me tirou de dentro da loja de conveniência como um Neandertal, imbecil.
 
- Não tenho a mínima idéia do que signifique Neandertal, mas eu não sei como você consegue fazer isso com todos os homens à sua volta. É alguma espécie de hormônio especial que só você tem? Ou você vive constantemente no cio?
 
Abri a boca prestes a responder qualquer coisa bem ignorante, mas eu estava tão indignada que não consegui nem ao menos pensar em um insulto que fosse bom o suficiente e equivalesse ao soco na cara que eu pretendia dar na cara dele. Como ele poderia ser tão odioso?
 
Impaciente, saí de dentro do carro, indignada demais com as palavras dele e andei furiosamente na direção de
 Mel, mas senti uma mão no meu ombro que eu nem ao menos precisei me virar para reconhecer. Menos ainda quando a mão me puxou contra um corpo quente que eu não precisava tocar para saber que era o de Arthur. O seu cheiro penetrante me informava isso, bem como as reações malucas do meu corpo. Eu sentia uma coisa estranha passando pro todo o meu corpo, uma onda que me fazia sentir quente e louca, como eu nunca havia me sentido antes. Como se ninguém nunca houvesse me acendido como Arthur acendia naquele instante. 
- Você não sabe o que aqueles dois atrás de você estavam pensando, por isso não tem o direito de sair batendo o pé achando que está tudo bem, que eu estou apenas querendo irritar você. Eu tenho as minhas razões para ficar furioso,
 Lua Blanco. Você não tem o menor direito de... 
- Assim como você – interrompi-o, enquanto colocava o dedo em seu peito, muito furiosa e instável para continuar aquela discussão sem bater nele. Na verdade, eu gostaria muito de arrancar a cabeça dele naquele momento, mas sabia que seria deselegante. Eu era uma pessoa muito controlada, não deveria nem ao menos cogitar bater em alguém. Mas era revoltante como
 Arthur conseguia me fazer perder o meu autocontrole tão facilmente. - não tem o menor direito de dizer que eu estou no cio. Você é só um alienígena idiota que acha que só porque está no meu mundo, sob meus cuidados, já é íntimo a mim o suficiente pra cuidar da minha vida. - eu respirava profundamente sentindo a raiva pulsar em todo o meu corpo. Meu coração pulava dentro do peito de tão furiosa que eu estava. Nunca na minha vida eu ficara tão furiosa. Nem mesmo quando uma das antigas patricinhas da época do colégio espalhara para toda a escola que eu era apaixonada por Taylor McQueen. O que era uma grande e maldosa mentira. Até o momento aquele fora o momento em que eu ficara mais furiosa em toda a minha vida, mas agora, eu batera todas as escalas de fúria que eu pudesse ter. Arthur conseguira que eu perdesse toda a minha paciência. - Se você pensa assim, deixa eu te dar um aviso, ô Alien metido a príncipe encantado, eu cuido da minha vida, e se eu estou ou não no cio, querendo transar ou qualquer coisa assim, isso não é da sua conta. 
Virei para voltar ao carro e não dar um soco na cara de
 Arthur, que era exatamente o contrário do que a minha boa educação e meu bom autocontrole pregavam, mas exatamente o que a minha mente pedia para eu fazer. Bater tanto nele que a sua cara ficasse completamente desfigurada. Céus, eu nunca sentira algo tão forte na minha vida inteira como eu sentia raiva de Arthur no momento. Abri a porta do motorista de uma vez e estava quase entrando no carro quando fui puxada novamente para aquele corpo cheiroso e que despertava sensações que se avolumaram junto com a minha raiva. Ergui a cabeça para encará-lo e perguntar se ele bateria em mim e meus olhos se perderam naquelas piscinas de chocolate que no momento estavam faiscantes de ódio, mais ou menos como os meus deveriam estar. 
- Eu. Já. Disse. Que. Não. Sou. Príncipe. - as palavras eram rascantes e foram ditas entre os dentes cerrados de ódio. A raiva dele passava para o meu corpo assim como o calor que emanava dele, como se nossos corpos fossem tão conectados que as reações se transmitiam com nossos toques. A raiva que eu sentia estava passando para ele assim como a fúria dele circulava dentro de mim. Aquele calor não era nada parecido com qualquer calor humano que eu já houvera conhecido, ele estava quente demais, perto demais para que eu pudesse prever qualquer ação dela, qualquer reação minha. Os olhos chocolates estavam fixos nos meus como se buscassem algo no fundo da minha alma, uma resposta ou algo que o fizesse parar de se aproximar de mim como ele estava fazendo. Meu coração estava ainda mais disparado por tê-lo tão perto daquela forma, pulando contra o meu peito sem pausas, me deixando com medo de que ele saísse de lá de dentro. Minhas costas estavam contra a porta do carro, fechada pela nossa impetuosidade quando ele me puxara de uma vez e prensada entre o metal frio do carro e o corpo quente e forte de
 Arthur, minha mente não teve escolha. Não quando os lábios dele desceram aos meus daquele jeito. Lento. Como se soubesse que eu não fugiria. Dominador. Como se tivesse tomando algo que era dele por direito. Certo. Porque eu mesma sentia que não havia coisa mais certa naquele momento. 
Meus olhos se fecharam automaticamente, enquanto as mãos de
 Arthur subiram de meu braço para me segurarem pelo pescoço me puxando mais ainda contra o seu corpo e deixando nossas bocas mais coladas ainda. Como se eu pensasse em fugir! Eu poderia jurar que esse era o último pensamento que passava pela minha cabeça. Minhas mãos estavam caídas ao lado do corpo, eu estava estática, mas era apenas meu corpo que estava paralisado. Eu correspondia àquele beijo como nunca antes correspondera. Minha boca se mexia contra a dele enquanto nossos cheiros se enroscavam como se completassem um ao outro e o que faziam era nada mais nada menos do que o certo em se misturar formando um perfume único. Nosso corpo tinha o encaixe perfeito, como duas pecar exatamente talhadas para se sobrepor. Meu corpo parecia saber que onde ele sempre deveria estar era naqueles braços fortes. 
E aquele barulho estranho que estava em minhas orelhas? Pareciam sinos. Mas não dei muita atenção a isso, não quando os lábios quentes de
 Arthur estavam sobre os meus, pressionando de uma maneira sedutora e deliciosa e sua língua suave passeava contra os meus lábios pedindo permissão para adentrar a minha boca. Permissão que eu dei sem pensar duas vezes, sentindo o calor dentro de mim se avolumar ainda mais, me deixando pasma com o quanto aquilo parecia irreal e ao mesmo tempo tão certo, tão profundo tão... Indescritível. 
Eu precisava daquilo também, daquela forma tão intensa, precisava sentir tudo aquilo em minhas veias. Precisava daquele contato. Imediatamente.
 
Puxei
 Arthur pela gola do casaco mais contra mim, enquanto sentia-me prensar ainda mais contra a lataria do carro, sentindo o corpo musculoso e quente de Arthur prensar-se contra o meu, deixando tudo encaixado entre nós, como duas peças daquele brinquedo, lego. A sua língua em minha boca, a sua boca esmagando a minha, o seu corpo delineando o meu, enquanto suas mãos agarravam-me pela nuca, de uma maneira extremamente sensual que estava me fazendo perder a cabeça. A raiva que eu sentira mais cedo era enorme? Nem se comparava ao que eu estava sentindo agora. Se eu tivesse algum tipo de escala para medir o prazer, com certeza ele havia perdido o sinalizador do topo. Estávamos apenas nos beijando e eu já estava arfando, mentalmente pedindo por mais. Agora entendia porque Mel queria tanto saber como era um bebê alien. Era espontâneo querer mais quando os lábios de Arthur estavam sobre os seus. Como um jogo viciante, uma droga. Algo que você sabe que faz mal, mas é bom demais para você sequer pensar em parar. Não tinha como não pensar em mais quando se estava naqueles braços quentes, sendo beijada daquela maneira tão intensa e tendo a mente invadida por aquela avalanche de sensações tão conflitantes e avultantes. 
Eu me esquecera porque estava tão furiosa antes, onde estávamos, quem éramos e qualquer outra coisa que não fossem nós dois não tinha a mínima importância no momento. Tudo o que eu queria era mais. E tive medo de pedir miseravelmente por muito mais, em voz alta. Pois era exatamente o que eu queria fazer. Eu via estrelas nos braços de
 Arthur. Na verdade, estrelas era um eufemismo, já que vi a galáxia toda se abrindo diante dos meus olhos. 
A sensação de nojo que Rico me fizera sentir, praticamente desaparecera com o toque dos lábios de
 Arthur. A sensação nos braços de Arthur era tão sublime que em alguns momentos eu até mesmo parei de raciocinar, como um animal, apenas preocupada com minha fome de Arthur, que parecia nunca ser saciada, quanto mais o beijava, mais queria. Era muito fácil esquecer de tudo naquele abraço. Mas não podíamos. 
Céus! O que eu estava fazendo? Ele era um ET. Eu era uma terráquea. Isso estava completamente errado. Querê-lo era errado. Beijá-lo então era piro ainda. Por mais delicioso que fosse. Por mais excitante que fosse, isso não poderia acontecer. E não apenas porque éramos diferentes, mas pelo quanto me assustava as minhas reações à
 Arthur, sempre tão intensas e animalescas. Eu havia prometido a mim mesma que não sentiria nada tão animal. Assim como prometera a mim mesma que não me envolveria com homem algum. 
Por isso afastei
 Arthur, com o coração palpitando mais que antes e com os lábios quentes e vermelhos, que tive que controlar para não tocar. Minha respiração estava falha e não tive coragem de olhar para Arthur. Era bem possível que eu me perdesse mais uma vez em seus olhos. 
- Eu... Eu...
 
- Não fale comigo. – cortei-o entrando no carro e sentando no banco do motorista, colocando o cinto de segurança como se fosse uma armadura contra
 Arthur, sem nem ao menos me importar com os meus chocolates derretendo no banco de trás e minhas guloseimas esperando por mim. Junk Food era a minha última preocupação no momento. As minhas reações eram bem mais importantes que refrigerante de cola. 
Estava perdida em pensamentos, olhando para frente, com as duas mãos no volante, sem nem ao menos me dignar a buscar
 Arthur com o olhar. E não precisava fazer isso para saber que ele estava há alguns metros, perto de uma das bombas. E graças a Deus, logo Mel e Chay chegaram e Mel se sentou atrás para descansar um pouco, enquanto eu me acomodava ao lado de Chay. 
Mel não disse nada sobre o que acontecera momentos antes e conhecendo-a, isso só podia significar que ela não tinha visto nada. Porque minha amiga não era nem um pouco discreta, e considerando a torcida que ela fazia para eu e
 Arthur darmos uns amassos, com certeza, se ela tivesse visto algo, ela teria chegado ao carro quase fazendo um escândalo. Ou realmente fazendo um e com direito a gesticulações exageradas e replays de cenas que nunca aconteceram. 
Chay virou-se para
 Arthur naquele modo silencioso dos dois e pelo retrovisor vi o olhar de Arthur ficar duro e Chay dar um sorriso de canto, como se zombasse de Arthur. Como se ele, sim, tivesse visto algo. Eu não me sentia bem quando eles ficavam silenciosos daquela maneira. Parecia que conversavam telepaticamente ou algo assim, e isso era perturbador demais. 
Perguntei se podia ir, e ante aos resmungos de
 Mel, que tinha a boca cheia de biscoito e do aceno de cabeça de Chay, liguei o carro, saindo do posto e já me despedindo das luzes, sons e cores da cidade grande. A estrada nos aguardava mais uma vez e tínhamos que atravessar toda uma Ohio até de manhã. Ou até menos, mas eu mesma sabia que não conseguiria fazer o percurso em menos tempo, a não ser que eu virasse a mulher a jato. 
Depois do beijo de
 Arthur, eu precisava mesmo chegar o mais rápido possível em Wyoming. Eu precisava despachar aquele alien metido. Ou então eu perderia de vez a minha cabeça e o meu controle. 
E eu prezava muito o meu controle para perdê-lo para
 Arthur. 
Mel inclinou-se para frente, empurrando um dos pacotes de bolacha para mim e
 Chay, que o aceitou e ligou o rádio, cantando a música que tocava com toda a empolgação possível e ainda brincava uma guitarra imaginária. Eu conhecia aquela música também, e apesar de não me dizer nada sobre o momento, eu pensei que era bom cantá-la para me fazer liberar minhas emoções. Chay sorriu para mim e dei uma olhada rápida para Arthur pelo retrovisor, vendo o olhar fixamente para mim e sorrindo como se planejasse a próxima vez de me fazer perder o controle com a avalanche irracional de emoções que ele me trazia. Sim, eu precisava mesmo liberar minhas emoções ou pararia o carro e daria um soco naquela cara tão linda e arrogante.
E gritando a letra da música que dizia algo sobre sangrar ou algo assim, pisei ainda mais no acelerador. Não via a hora de ver a placa de "Bem Vindo ao Estado de Wyoming" que para mim significaria algo como "fim do pesadelo".
 
Agora, ainda mais.
 
 

                                                                                                            
                                                                                                             Direitos Autoriais: Elle S.

14 comentários:

  1. Posta mais por favor está mto legal está web !

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  2. posta mais muito interessante esta web estou amando!

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  3. posta mmmmmmmmaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiissssssssssss!!!!!!!!!!!!!! por favor está web é perfeita!

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  4. AMo essa web posta mais..

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  5. ESTOU AMANDO ESTÁ WEB POSTA MAIS!

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  6. Ah, eu não quero que o Arthur vá embora :(.Faz com que ele fique por favor e posta mais!

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  7. amo mto está web! tomara que o arthur se declare para a lua e não vá embora.Posta mais!

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  8. ai.... amuh essa web, simplismente prfita

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  9. Mais por favor
    Essa web não é legal...Ela é tudo de bom

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  10. estou adorando a web novela contato imediato, nao deixe o arthur ir embora, faça com que o arthur, se declare para a lua, porfavor, posta mais,

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  11. Otima como sempre!

    Curiosidade, o Gif desse capitulo é de que parte da novela, de que dia?

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  12. Santo pai ! o.O Olha.. eu tenho absoluta certeza que vou chorar muito quando esta web acabar ! Nunca vi web tão bem montada ! Parabéns a autora ! Mesmo... ela merece !

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