Capitulo 56
Quarta-feira, dia 11 de Novembro, 11:34, diretoria.
Guys:
- Fodeu, fodeu, fodeu! - eu repetia sem parar. Quase nem sentia mais meu lábio partido, de tão preocupado que estava. - Eu vou ser expulso, vou ter que estudar num colégio interno na Suécia e meu pai vai me transformar num playboy bombado!
- Cala boca, cara, não vai acontecer nada. A culpa não foi sua! - Pedro tentou me acalmar, mas nada no mundo me acalmaria naquele momento. Eu havia começado a briga, a culpa era toda minha!
Suspirei. Minhas mãos estavam tremendo. Levei o dedo indicador ao meu lábio inferior, estremecendo. Meu coração batia na velocidade cinco do créu, e minha respiração estava falha.
Eu iria perder tudo. Minha vida estava acabada. E o mais impressionante era que, por mais nervoso que eu estivesse, não estava arrependido de ter dado uma sussa em Michel. Nem um pouco. Aliás, poderia ter batido bem mais se Micael não tivesse me puxado pela camiseta.
Otário. Quem ele pensava que era pra ofender assim garotas que nunca haviam feito nada a ele?
Não que eu fosse o cara mais legal do mundo, mesmo porque havia magoado Lua alguns dias antes, mas algo em mim havia mudado. E esse algo em mim que havia mudado não suportava mais as brincadeiras de Michel.
- Sr. Aguiar, quero só você aqui dentro. - a diretora colocou sua cabeça para fora da sala.
Olhei para os guys, que me incentivaram com joinhas nas mãos. Levantei-me, ainda na adrenalina da briga, e sentei-me na cadeira em frente à mesa dela.
Respirei fundo, esquecendo todo o discurso que havia preparado e repassado na cabeça no quinze minutos em que fiquei esperando ela me chamar.
- E então? - ela sorriu, quase que com afeição.
Teria que improvisar. Ou simplesmente falar a verdade.
- Olha, me desculpa, eu sei que eu errei de novo, e eu estou ciente do “contrato” que você fez com o meu pai, mas eu não aguentei! Ele estava humilhando minhas amigas! E você, mais do que ninguém, sabe que eu já vim parar aqui muitas vezes por causa disso, mas depois que eu conheci a Lua e suas amigas que eu percebi o tipo de amizade que eu tinha. - parei para respirar sob o olhar ávido e curioso de Mary. - Percebi que o que eu fazia não me levava a lugar nenhum! Quero dizer, pra que humilhar alguém que nunca te fez nada? Eu não me segurei, Mary, me desculpe, mas por favor não me expulse, por favor!
Ela me olhou por cima dos óculos, pensativa.
- Se fossem em outras ocasiões, sr. Aguiar, eu te expulsaria agora mesmo. - minha garganta se fechou. - Mas como vários alunos vieram aqui enquanto você estava na enfermaria, inclusive Lua, relatar o que havia acontecido, eu mudei de ideia. Você não vai ser expulso.
Abri a boca, incrédulo.
- Isso… Isso é sério!? - perguntei, com vontade de sair pulando.
- Sério. Entretanto… - claro que havia um entretanto. Mas só de não ser expulso eu estava radiante. - Você participará de um projeto que a própria Lua está organizando, um projeto de cultura que acontecerá aqui na escola na segunda-feira que vem. Você fará exatamente o que ela te pedir. Isso não é um pedido, é uma ordem.
- Claro, tudo, eu faço tudo que a senhora me pedir! - exclamei.
- Está liberado.
Saí da sala da diretora com um sorriso de orelha a orelha. Os guys entraram logo em seguida, e a sua secretária me enxotou para a sala de aula. Entreguei a autorização para professora de história e sentei-me na última carteira.
Estava tão bem humorado que até prestei atenção na aula.
Continua..
Nenhum comentário:
Postar um comentário