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13/12/2011

"O Melhor pra Mim"


Capitulo 97


Domingo, dia 15 de Novembro, 17:15, hospital de Brighton.
Girls:
Sentei-me com as meninas na mesa onde os garotos mais “quentes” do colégio estavam. O mais estranho foi que eles sorriram pra mim, sinceros, como se estivessem realmente preocupados comigo.
Arthur Aguiar não tirava os olhos de cima de mim. O que era bem esquisito, ainda mais depois de saber de toda a história. Não conseguia processar a informação de que ele, bom, era apaixonado por mim. Não mesmo.
- Oi, Lua. - ele falou devagar, como se eu fosse retardada. Tudo bem que eu ainda estava meio lenta por causa dos remédios, mas não era pra exagerar. - Está melhor?
- Mais ou menos. - respondi com aquela conhecida sensação de que ele viraria uma lata de Coca-Cola em cima de mim. - Minha cabeça ainda está dolorida.
- Minha perna também… - ele sorriu.
Minhas amigas já estavam conversando com Micael, Pedro e Chay quando esse diálogo aconteceu. De acordo com a versão delas, Sophia estava num rolo enrolado com Micael, Chay e Mel haviam sido feitos um para o outro e Rayanna e Pedro estavam naquele estágio amizade colorida.
É… Nosso mundo não era mais como costumava ser…
E eu aparentemente havia perdido todas as lembranças dessa revira-volta.
Muito justo…
Os olhos castanhos de Arthur cravados em mim me deixavam um pouco desconfortável. Ele estava calado, roendo as unhas, me olhando, me olhando, me olhando… Não aguentei e virei meu rosto, fixando meus próprios olhos nos dele. Ficamos um bom tempo daquele jeito. Nem se eu quisesse conseguiria desviá-los.
Vou ter que admitir que minha vontade de beijá-lo era imensa. Mesmo babaca, ele era incrivelmente lindo.
- Lua, querida, vamos? - minha mãe gritou atrás de mim, fazendo-me virar a cabeça e perder o contato visual.
Desde quando ela era tão amável?
Nós oito nos levantamos ao mesmo tempo. Micael, Pedro, Chay, Sophia, Mel e Rayanna voltariam para Rio para começar a arrumar a escola para o nosso projeto - os meninos estavam sendo muito legais em nos ajudar com isso - e Arthur ficaria comigo para podermos voltar no dia seguinte cedinho para a escola. Eu tinha que ficar mais uma noite em observação, por isso não podia ir com eles, o que era uma bosta. Quero dizer, era muito esquisito ter que ficar uma noite inteira com um cara que, na minha cabeça, era um bêbado maluco que odiava meninas nerds como eu.
Mas ele insistiu tanto em ficar comigo que eu acabei cedendo…
Saímos do hospital e logo na porta nos despedimos dos que iam embora. Eles entraram no ônibus que ia até o terminal e nos deixaram ali, parados, meio desconfortáveis com a situação.
- Fiquem aí, meninos, vou pegar o carro. - minha mãe anunciou, desaparecendo pelo estacionamento.
Então eu estava sozinha. Com o Aguiar.
- É… - ele suspirou, olhando para cima. - Será que chove hoje?
O céu estava azul Royal, sem nenhuma nuvem. Que pergunta babaca era aquela?
- Provavelmente não. - respondi, sem olhar pra ele.
Estranho… O Arthur Aguiar que eu conhecia era um bêbado desprezível, não um garoto meio tímido que perguntava sobre o tempo. Não que eu o conhecesse muito bem… Nossos contatos sempre envolviam alguma grosseria de sua parte, então minha análise psicológica dele era baseada em poucos fatos. Mas os boatos que rondavam a escola me davam uma ideia completamente diferente do que essa imagem de garotinho indefeso e… Romântico.
Ficamos um bom tempo imerso naquele silêncio constrangedor, esperando minha mãe, que não vinha nunca. De repente, senti uma fisgada no peito, que eu conhecia muito bem.
- Você fuma Aguiar? - perguntei como quem não queria nada.
Ele olhou para mim com um sorrisinho cúmplice no rosto.
- Você não pode fumar Lua. - respondeu.
- Por que não!? - esbravejei.
- Bom, se você quer mesmo saber, lá vai. Primeiro: Você está tomando remédios fortes para dor, e fumar pode causar algum efeito colateral; Segundo: Sua mãe está chegando e pode te ver; Terceiro: Eu prometi que ficaria sem fumar até você lembrar… Da gente… De tudo… - ele deu uma tossidinha de leve, abaixando a cabeça. - Se você fumar, eu vou ficar com vontade.
Senti meu rosto esquentar. Ah, meu Deus, ele era tão fofo!
Controle-se, mulher!
- Então tá, eu… Eu não fumo.
- Obrigado.
Vi o carro da minha mãe virando a esquina e soltei o ar, agradecida. Ela parou em nossa frente e nós entramos. Sentei-me no banco da frente e Thur atrás. Olhei para ele pelo retrovisor, e uma sensação de Deja Vú me invadiu.
- Mal posso esperar para te ver no vestido! - minha mãe disse assim que entramos no carro.
- Eu vou ter que ficar com ele a noite inteira? - perguntei, já imaginando meu sofrimento em um daqueles vestidos cobertura-de-bolo.
- Não, só na valsa. Pro resto da noite tenho outro vestido pra você. - ela curvou-se para mim e sussurrou: - Um bem sexy.
Minha mãe e seus comentários embaraçosos. Se pelo menos Thur não tivesse ouvido, mas ele deixou bem claro que havia pela sua risadinha cortada.
Olhei pelo retrovisor para ele, que segurava o maço de cigarros através do tecido da calça jeans. Ele parecia meio nervoso, meio alheio ao resto do mundo. Minha mãe tagarelava sobre o acidente de Dylan, mas eu estava mais interessada em observá-lo. Suas bochechas vermelhas do Sol, seu cabelo despenteado, sua boca entreaberta…
Respirei fundo, com falta de ar.
- Lua, você está bem? - minha mãe freou o carro, preocupada. Nós tínhamos andado uns 500 metros. Thur estava com a cabeça entre os bancos, me olhando com os olhos bem abertos. - Nós estamos pertinho do hospital!
- Eu… Eu… - meu coração batia rápido. - Não sei, eu tive umas lembranças…
- E aí? O que é? - Arthur perguntou, interessado.
- A gente, nós três, nesse carro, um vestido… Sei lá…
Minha mãe e Arthur se entreolharam.
- Viu só, querida! Elas vão voltar! - ela acariciou minha mão, voltando a dirigir, um pouco nervosa. - Suas memórias vão voltar! Não se preocupe!
Arthur voltou a se encostar-se ao banco, ainda me olhando pelo retrovisor.
Eu não sabia explicar por que, mas meu coração disparava toda vez que olhava dentro daqueles olhos castanhos…
Continua...


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