Capitulo 64
Quinta-feira, dia 12 de Novembro, 10:35, intervalo do Elite Way..
Girls:
- Aposto 10 reais que eles vão marcar um encontro hoje. - Rayanna comentou, segurando-se para não rir.
- Aposto 10 reais que ela dá um fora nele. - Arthur concordou, tirando o braço dos meus ombros para apertar a mão de Rayanna.
- Nunca ganhei 10 reais tão fácil… - ela sussurrou em meu ouvido.
Dei uma mordida em meu lanche de queijo branco com peito de peru, aproveitando o Sol gostoso que batia onde estávamos sentados. Arthur estava com o braço direito em volta dos meus ombros, conversando com os meninos. Eu conversava com as meninas despreocupadas. Nós não pretendíamos nos sentar ali, mas Chay nos chamou e Arthur insistiu, então não teve jeito. Era esquisito sentar onde eu sempre lançava olhares reprovadores.
Assim que chegamos, Micael pediu para conversar com Sophia, que foi depois de fazer um cu doce. Eles foram para um lugar afastado, mas nós ainda podíamos vê-los. Sophia estava apoiada na parede, enquanto Micael gesticulava sem parar. Ela só balançava a cabeça de vez em quando, concordando ou negando.
Eu sabia que ela não resistiria por muito tempo. Ela era loucamente apaixonada por ele, desde que ele entrara na escola, na oitava série. Lembrava como se tivesse acabado de acontecer.
Flashback on.
Nós estávamos subindo as rampas do prédio do ensino fundamental. Sophia estava reclamando do aparelho fixo que acabara de colocar nos dentes para nós três, e Mel estava receitando alguns remédios que tomava para tirar a dor. Assim que entramos no prédio avistamos um garoto novo entre Arthur, Chay, Pedro, Kátia, Pérola, Fábio, Michel e Carlos. Achei esquisita a panelinha mais cobiçada acolher um novo membro, mas deixei passar. Sophia não.
- Quem é aquele menino? - ela perguntou, colocando a mão na frente da boca.
- Sei lá. - respondi, dando de ombros. Reparei que Arthur me olhava e comentava alguma coisa com Kátia, que riu. - E nem quero saber.
- Ele é lindo! - ela exclamou, com os olhos brilhando.
- Todos eles são. Grande coisa. - Rayanna comentou, rindo.
- Acho que eu estou apaixonada. - ela travou, sem conseguir se mexer. - Meu Deus, ele é lindo demais!
- Vai lá falar com ele. - eu brinquei, sabendo muito bem que se ela fosse sairia de lá humilhada. - Quem sabe ele não descobre que você é o amor da vida dele?
- Vai brincando, Lua. Você vai ver… Eu nem sei o nome dele, mas ele ainda vai se rastejar aos meus pés. - ela disse, jogando os cabelos para trás. Nós quatro rimos e ela passou ao lado dele, olhando bem dentro dos seus olhos.
Ele piscou com indiferença.
Flashback off.
- Aonde vai ser o ensaio hoje? - Chay perguntou, me tirando das lembranças.
- Lá em casa mesmo. É melhor do que todos aqueles estagiários nos olhando. - Arthur brincou que estava arrepiado.
- Você tem que ir treinando pra não vomitar no público. - Chay comentou, e Thur o mandouele ir se foder.
Apoiei minha cabeça no peito de Thur. Ele não estava esperando por aquilo, então riu e beijou o topo da minha cabeça.
- O que foi linda? - perguntou, ainda com a boca em meus cabelos.
- Nada. Eu só… Gosto de ficar assim com você… - sussurrei, quase que inaudível. Arthur riu, me dando outro beijo no topo da cabeça.
- Eu também gosto. Adoro.
Inclinei meu rosto para cima, ficando com a boca a centímetros da sua. Ele mordeu a língua - de um jeito que me fez arfar - e sorriu sem mostrar os dentes. Aproximou seu nariz do meu e fechou os olhos. Fiz o mesmo. Nossas bocas se encostaram suavemente e nós dois sorrimos. Abri minha boca devagar, deixando sua língua entrar. Com uma mão comecei a brincar com o seu cabelo e com a outra segurei sua mão. Beijávamos-nos com mais vontade que o normal, e Arthur tirou o braço dos meus ombros e me envolveu pela cintura. No meio do beijo ele dava mordidas no meu lábio inferior e me fazia rir.
Eu estava hiperventilando.
Estávamos no meio do beijo quando o sinal bateu.
- Hm… - ele gemeu, separando nossas bocas. – Por que, Deus?
Encarei seus olhos, que me olhavam divertidos.
- É a vida… - entortei a boca. - Uns dias a gente perde, nos outros a gente ganha…
- Ha ha ha, gracinha. Vai pra aula vai, manter sua média 9,95.
- 9,98. - corrigi, e ele virou os olhos.
Chay já se levantava, e Micael voltava com Sophia, os dois sérios.
Despedi-me de Arthur com um selinho e fui com Sophia e Mel para dentro. Passamos por Kátia e Pérola, que sussurravam no corredor. Assim que nós passamos, elas pararam de falar e nos olharam com desdém. Quando viramos o corredor elas recomeçaram a conversar baixinho.
Alguma coisa estranha estava acontecendo.
Mas não me importei. Tudo estava bem.
Pena que tudo que é bom um dia acaba…
Mais tarde…
Despedi-me das minhas amigas com um beijo no rosto. Sophia foi em direção à Micael, que a esperava perto de seu carro. Os dois haviam combinado de conversar direito aquela tarde. Mel foi com Rayanna em direção ao carro de Chay. Ele deixaria as duas na casa de Mel e iria para sua casa encontrar Pedro e chamá-lo para ir junto ao bar. Um encontro duplo. Fofura!
Arthur saiu mais cedo da aula - lê-se cabulou a última aula - e mandou uma mensagem avisando que me esperaria perto do carrinho de cachorro-quente do campão. Caminhei até lá, procurando-o com os olhos. Não o encontrei em lugar nenhum, estranhando. Coloquei minha mochila no chão e me sentei, esperando. Passados uns cinco minutos, nada de Arthur. Coloquei novamente a mochila nas costas e resolvi procurá-lo. Talvez existisse outro carrinho de cachorro-quente no parque…
Afastei-me dos alunos aglomerados e entrei na área mais silenciosa do campão, perto das árvores. Estava tudo quieto e fazia frio por estar longe dos raios solares. De repente ouvi uma voz feminina sussurrar. Parei, estática. Agucei o ouvido. Não consegui ouvir nada, então dei cinco passos para frente, reconhecendo Pérola. Ela conversava com alguém que estava apoiado no tronco de uma árvore. Não conseguia ver quem era, nem ouvir sua voz, mas os dois pareciam ser bem íntimos.
Em condições normais sairia dali e deixaria o casal em paz. Não era uma desocupada que vivia atrás de fofoca. Mas estava sentindo alguma coisa esquisita naquela situação, e esse sentimento me fez ficar ali, escondida atrás de alguns arbustos baixos, observando Pérola gesticular.
Grande erro.
Ela deu dois passos para trás, e duas mãos a puxaram de volta.
Congelei. Eu… Eu conhecia aquelas mãos!
Dei dois passos para a esquerda, no exato momento em que Pérola se inclinava para beijar Arthur.
O meu Arthur.
Continua..
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