Capitulo 90
Sábado, dia 14 de Novembro, 19:36, baile.
Lua:
- Meninas, na ordem, vocês já vão começar a descer! - a organizadora da festa gritava pelos corredores, onde garotas saíam de pequenas salas esbaforidas e estonteantes. Minha mãe já havia descido, super animada, e eu me sentia uma babaca completa com aquele vestido longo, rezando para não cair enquanto descia as escadas.
Pelo amor de Deus, nós estávamos no século XXI, quem ainda era “apresentada à sociedade”?
Só minha mãe mesmo… Minha mãe e as mães de mais doze meninas que esperavam ansiosas atrás de mim na fila.
Sim, para melhorar tudo, eu ainda era a primeira da fila.
Tinha como ser mais humilhante?
- No 3, garotas! 3… 2… 1… Vá, Lua! - fui praticamente empurrada escada abaixo.
Os primeiros três degraus foram os mais difíceis. Porque a música alta começou a tocar e me deixou meio surda, assim como os flashes que pipocavam das máquinas me deixaram cega e a vergonha daquele momento me deixava quente e com as bochechas rosa. Mas passados os três degraus, as coisas começaram a ficar mais fáceis. Eu não havia tropeçado e nem feito algo embaraçoso. O que era ótimo!
Ao acabar todos os degraus e pisar no seguro do chão, avistei Thur, que me esperava na base da escada com um sorriso encantador no rosto - uma mistura de zombação com vergonha - e eu senti meu coração se aquecer dentro do peito. Ele usava smoking preto, seu bom e velho All Star - apesar das críticas de minha mãe - e o cabelo alinhado, embora tentasse a todo custo bagunçá-lo. Estava meio desconfortável com a situação, o que o deixava mais fofo ainda.
Era ele. Thur era o cara que eu amava. O cara por quem eu tinha os sentimentos mais complexos, os pensamentos mais confusos e o amor mais profundo.
O cantor da banda começou a música ao mesmo tempo em que Thur segurou minha mão, galanteador.
- Lindíssima. - ele murmurou, me embalando pelo salão. - Você está lindíssima.
- Obrigada. - apoiei minha cabeça em seu ombro.
- Preste atenção à letra da música, Luazinha… - ele disse, enigmático, e eu enruguei o nariz ao ouvir aquele apelido. - Sabe o que eu estava lembrando? - mudou de assunto, enquanto nos movíamos lentamente. Estávamos dançando, e aquilo não era nem um pouco estranho como eu pensava que seria. Thur me guiava como um profissional, e eu me sentia leve.
- O quê? - não usei uma de minhas usuais piadinhas. Não era o momento.
- Lembra quando você disse que era só sua e de mais ninguém? - perguntou, me fazendo sorrir involuntariamente.
- Lembro…
- Você já mudou de ideia?
- Talvez, Thur… Talvez… - fechei os olhos, e ele quicou um pouquinho, rindo.
- Bom, então teremos que continuar trabalhando nisso…
- Quer mesmo saber a verdade? - perguntei, e ele levantou meu rosto pelo queixo delicadamente. Nossos olhos se encontraram, e eu percebi pela primeira vez os outros casais que dançavam à nossa volta.
- Por favor.
- Eu já era sua desde aquele dia no parque, quando você brincou, dizendo estar apaixonado por mim. - ele sorriu, maroto. - Não ria assim, é verdade!
- Foi mais fácil do que eu pensava… - ele virou os olhos, e eu belisquei sua mão de leve. - Eu estou brincando, Luazinha…
- Lua. Lu no máximo! - disse, entre os dentes.
- Quer saber quando você me ganhou? - perguntou, sorrindo sem mostrar os dentes.
- Deixa eu adivinhar! Quando eu fiz você apanhar da Alana? - ele gargalhou alto, e alguns casais olharam para nós de cara feia. Minha mãe, ao fundo, negou com a cabeça em reprovação.
- Não, embora aquele momento tenha tocado meu coração… Pelas costelas… - ele brincou, e foi minha vez de rir alto. - Mas a verdade é que você me ganhou naquele dia em que nos levou pela primeira vez no estúdio e nos contou que sua primeira guitarra fora uma Les Paul. Aquilo foi sexy demais. É verdade! - ele exclamou, assim que eu o belisquei novamente. - É sério! Eu juro! Foi a coisa mais legal que eu já ouvi sair da boca de uma garota! É sério, Lua, assim que eu te vi segurando aquela guitarra sabia que você não seria mais uma pra mim.
Afundei minha cabeça em seu peito, envergonhada.
A música acabou, mas nós continuamos abraçados. Thur me segurava firme pela cintura, e eu me sentia segura.
- Thur…? - chamei, e ele bagunçou meu cabelo antes de responder:
- Eu.
Respirei fundo. Eu tinha certeza daquilo. Era a mais pura verdade. E não difícil dizer.
Pelo menos não muito.
- Eu amo você.
Ele inclinou meu queixo, beijando suavemente meus lábios, enquanto todos no salão aplaudiam a valsa. Então ouvimos um barulho alto e risadas mais altas ainda. Abri os olhos, ainda com a boca colada a de Thur, e avistei Micael, Pedro e Chay entrando no salão. Atrás deles minhas amigas se desculpavam pelo barulho. O salão emudeceu, olhando para os seis jovens que entravam fazendo barulho.
Afastei-me de Thur, incrédula.
- Ah, ótimo… - ele virou os olhos, nervoso. - Então era mesmo verdade…
Olhei para minha mãe, que estava com os olhos em órbitas, e olhei para Thur, que xingava baixinho. Então olhei para meus amigos, que nos procuravam com os olhos.
Aí caí na risada.
Tinha como aquela noite ficar mais perfeita?
Continua..
amei amei amei
ResponderExcluirposta mais!!!!!!!
Aiii mt lindo...Pareço uma idiota lendo essa web começo a rir sozinha...Parabéns a web é mt boa
ResponderExcluirPosta mais!
quero mais!
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