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12/12/2011

"O Melhor pra Mim"


Capitulo 90


Sábado, dia 14 de Novembro, 19:36, baile.
Lua:
- Meninas, na ordem, vocês já vão começar a descer! - a organizadora da festa gritava pelos corredores, onde garotas saíam de pequenas salas esbaforidas e estonteantes. Minha mãe já havia descido, super animada, e eu me sentia uma babaca completa com aquele vestido longo, rezando para não cair enquanto descia as escadas.
Pelo amor de Deus, nós estávamos no século XXI, quem ainda era “apresentada à sociedade”?
Só minha mãe mesmo… Minha mãe e as mães de mais doze meninas que esperavam ansiosas atrás de mim na fila.
Sim, para melhorar tudo, eu ainda era a primeira da fila.
Tinha como ser mais humilhante?
- No 3, garotas! 3… 2… 1… Vá, Lua! - fui praticamente empurrada escada abaixo.
Os primeiros três degraus foram os mais difíceis. Porque a música alta começou a tocar e me deixou meio surda, assim como os flashes que pipocavam das máquinas me deixaram cega e a vergonha daquele momento me deixava quente e com as bochechas rosa. Mas passados os três degraus, as coisas começaram a ficar mais fáceis. Eu não havia tropeçado e nem feito algo embaraçoso. O que era ótimo!
Ao acabar todos os degraus e pisar no seguro do chão, avistei Thur, que me esperava na base da escada com um sorriso encantador no rosto - uma mistura de zombação com vergonha - e eu senti meu coração se aquecer dentro do peito. Ele usava smoking preto, seu bom e velho All Star - apesar das críticas de minha mãe - e o cabelo alinhado, embora tentasse a todo custo bagunçá-lo. Estava meio desconfortável com a situação, o que o deixava mais fofo ainda.
Era ele. Thur era o cara que eu amava. O cara por quem eu tinha os sentimentos mais complexos, os pensamentos mais confusos e o amor mais profundo.
O cantor da banda começou a música ao mesmo tempo em que Thur segurou minha mão, galanteador.
- Lindíssima. - ele murmurou, me embalando pelo salão. - Você está lindíssima.
- Obrigada. - apoiei minha cabeça em seu ombro.
- Preste atenção à letra da música, Luazinha… - ele disse, enigmático, e eu enruguei o nariz ao ouvir aquele apelido. - Sabe o que eu estava lembrando? - mudou de assunto, enquanto nos movíamos lentamente. Estávamos dançando, e aquilo não era nem um pouco estranho como eu pensava que seria. Thur me guiava como um profissional, e eu me sentia leve.
- O quê? - não usei uma de minhas usuais piadinhas. Não era o momento.
- Lembra quando você disse que era só sua e de mais ninguém? - perguntou, me fazendo sorrir involuntariamente.
- Lembro…
- Você já mudou de ideia?
- Talvez, Thur… Talvez… - fechei os olhos, e ele quicou um pouquinho, rindo.

- Bom, então teremos que continuar trabalhando nisso…
- Quer mesmo saber a verdade? - perguntei, e ele levantou meu rosto pelo queixo delicadamente. Nossos olhos se encontraram, e eu percebi pela primeira vez os outros casais que dançavam à nossa volta.
- Por favor.
- Eu já era sua desde aquele dia no parque, quando você brincou, dizendo estar apaixonado por mim. - ele sorriu, maroto. - Não ria assim, é verdade!
- Foi mais fácil do que eu pensava… - ele virou os olhos, e eu belisquei sua mão de leve. - Eu estou brincando, Luazinha…
- Lua. Lu no máximo! - disse, entre os dentes.
- Quer saber quando você me ganhou? - perguntou, sorrindo sem mostrar os dentes.

- Deixa eu adivinhar! Quando eu fiz você apanhar da Alana? - ele gargalhou alto, e alguns casais olharam para nós de cara feia. Minha mãe, ao fundo, negou com a cabeça em reprovação.
- Não, embora aquele momento tenha tocado meu coração… Pelas costelas… - ele brincou, e foi minha vez de rir alto. - Mas a verdade é que você me ganhou naquele dia em que nos levou pela primeira vez no estúdio e nos contou que sua primeira guitarra fora uma Les Paul. Aquilo foi sexy demais. É verdade! - ele exclamou, assim que eu o belisquei novamente. - É sério! Eu juro! Foi a coisa mais legal que eu já ouvi sair da boca de uma garota! É sério, Lua, assim que eu te vi segurando aquela guitarra sabia que você não seria mais uma pra mim.
Afundei minha cabeça em seu peito, envergonhada.
A música acabou, mas nós continuamos abraçados. Thur me segurava firme pela cintura, e eu me sentia segura.
- Thur…? - chamei, e ele bagunçou meu cabelo antes de responder:
- Eu.
Respirei fundo. Eu tinha certeza daquilo. Era a mais pura verdade. E não difícil dizer.
Pelo menos não muito.
- Eu amo você.
Ele inclinou meu queixo, beijando suavemente meus lábios, enquanto todos no salão aplaudiam a valsa. Então ouvimos um barulho alto e risadas mais altas ainda. Abri os olhos, ainda com a boca colada a de Thur, e avistei Micael, Pedro e Chay entrando no salão. Atrás deles minhas amigas se desculpavam pelo barulho. O salão emudeceu, olhando para os seis jovens que entravam fazendo barulho.
Afastei-me de Thur, incrédula.
- Ah, ótimo… - ele virou os olhos, nervoso. - Então era mesmo verdade…
Olhei para minha mãe, que estava com os olhos em órbitas, e olhei para Thur, que xingava baixinho. Então olhei para meus amigos, que nos procuravam com os olhos.
Aí caí na risada.
Tinha como aquela noite ficar mais perfeita?

Continua..


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