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30/11/2011

"O Melhor pra Mim"


Capitulo 19
Quinta-feira, dia 5 de Novembro, 19:58, em frente à minha casa.
Guys:
- Tá, quem foi o engraçadinho que colocou pó de mico nas minhas coisas? - Pedro perguntou, descendo as escadas com uma mão em cada nádega, coçando-as como louco.
- Ninguém. - Micael assoviou, olhando para todos os lados menos para Pedro. Eu e Chay fizemos aquele som de estamos-segurando-a-risada e as meninas se entreolharam, também se segurando para não rir.
“As meninas” das quais eu me refiro são Lua, Sophia, Mel e Rayanna, mais conhecidas como Lu, Soph, Mel e Ray. E, sim, elas estavam na nossa casa. E, sim, estavam bebendo com a gente. E, sim, o Micael queria pegar a Sophia. E, sim, Pedro e Chay pegavam até bonecas infláveis se fosse possível. E, sim, eu ainda estava pensando no quase-beijo com Lua de mais cedo.
Agora me diz, quando, em mil anos, eu estaria presenciando aquela cena? Quatro garotas que sempre passaram despercebidas por nós quatro, alvos das nossas piadinhas matinais, nerds de carteirinha, na nossa sala de estar, com os pés em cima da mesa, tomando cerveja e jogando video-game?
Nunca!
Pra você ver como o mundo dá voltas…
Mas, pra dizer a verdade, elas eram bem mais divertidas que as outras garotas que frequentavam nossa casa, que só queriam saber de tirar a roupa e falar mal das amigas. Quero dizer, nós pelo menos podíamos conversar com elas. E arrotar alto.
Arrotar alto rocks!
- Isso vai ficar um mês coçando… - ele reclamou, sentando-se ao lado de Rayanna e esfregando a bunda no sofá desesperadamente. Depois de ter feito isso, não aguentou, e caiu na risada, contagiando todos nós.
Lua estava sentada ao meu lado, na quarta cerveja, com um cigarro na mão e viajando na música. Sophia estava ao seu lado, conversando sem parar com Micael. Chay e Mel brincavam de soco-soco-bate-bate-eu-sou-retardado-mental e Pedro coçava a bunda sem parar, fazendo Rayanna rir até perder o fôlego. Estávamos sentados em roda, e alguma música putz putz tocava ao fundo no rádio.
Olhei para o lado, discretamente.
Relembrei-me dos acontecimentos do dia. Eu bêbado, eu beijando ela, nosso momento compras, meu momento fama, convite precipitado e minha casa.
Claro que, antes de chamá-la para ir em casa, levei-a até a sua. Fui do shopping até lá monologando sobre como seria legal quando as pessoas me reconhecessem na rua como as garotinhas fizeram mais cedo, e ela só ouvia minha narração, rindo de vez em quando, um pouco distante, talvez até com medo de que eu a atacasse novamente.
Não que eu não quisesse…
Ao chegarmos à sua casa, entrei para fazer uma média com a madrasta dela, que estava brincando com massinha - é, isso mesmo, massinha de criancinha - no chão da sala. Quando já estávamos no pé da escada, prestes a nos despedir, convidei-a para comer uma pizza comigo e com os guys, sem nem ao menos pensar na proposta. Eu só gostaria de passar mais algum tempo com ela… Não sei, algo na sua companhia me deixava mais animado.
O mais incrível de tudo foi que, quando pensei que ela iria recusar e subir as escadas correndo, ela só sorriu e aceitou. E ainda me pediu para ajudá-la com a roupa, dizendo que era sua primeira prova de figurino.
Subimos as escadas e eu de repente fiquei tímido. Não sei se por que estava me lembrando do papel de idiota que havia feito mais cedo ou se estava com medo/vontade de que aquele pseudo-beijo evoluísse para um beijo de verdade.
No final, eu só fiquei sentado na sua cama enquanto ela foi ao banheiro – por que dessa vez não decidiu se trocar na minha frente de novo? - e depois de meio segundo saiu de lá com uma calça jeans velha e uma camiseta do Mikey. Fiz ela entrar lá de novo por 5 vezes, eu só aprovei o visual quando ela saiu de lá com uma skinny preta, uma segunda pele preta por baixo da blusa morcego vinho que caía nos ombros e um Adidas preto e cinza.
Quando estávamos descendo as escadas, Lua perguntou se podia levar as amigas, porque elas provavelmente iriam ficar em casa. Disse que sem problemas, e logo eu estava rindo das três meninas socadas no banco de trás que contavam piadas sobre portugueses e zoavam sobre o fato de Lua ter a perna torta.
E depois de toda essa saga, nós estávamos ali, rindo, comendo pizza e enchendo a cara.
- E aí, vocês vêm no meu aniversário né? - Micael perguntou para as meninas, pelo que parecia ser a décima sétima vez só naquela semana. Elas só concordaram com a cabeça, talvez já de saco cheio da festa que nunca chegava. - Legal, porque vai ser a primeira aparição do Phoenix em público depois das gravações!
- Já estão se achando mais que chuchu na cerca… - Sophia comentou, e todos nós rimos da sua comparação idiota.
- Dá uma palinha aí pra gente, McMoscas! - Mel pediu, fazendo beicinho. Olhei discretamente para os guys, e eles fizeram o mesmo.
- Sei lá, não sei se um acústico vai ficar legal… - Pedro disse, parando um pouco de se coçar para prestar atenção na conversa.
- É, nossos violões estão meio empenados… - eu completei, ficando desconfortável.
No fundo no fundo, nós estávamos com medo de não conseguir impressioná-las, e sabíamos disso. Quero dizer, elas tinham a maior média da escola, gostos musicais distintos e eram gente boa pra caramba. Tem como impressionar uma menina dessa?
Mas é claro que não daríamos o braço a torcer… Por isso Chay terminou:
- Vocês vão ter que esperar como todos os outros!
- Covardes… - Rayanna disse, mostrando a língua para nós quatro.
Levantei-me, no intuito de pegar outra cerveja, e fui acompanhado por Lua, que levantou-se junto.
- Onde eu pego outra? - ela perguntou, levantando a latinha vazia.
- Vem comigo. - disse, caminhando até a cozinha com ela atrás de mim. Ao chegarmos lá, ela jogou a latinha no lixo e pegou outra na geladeira, um pouco mole. - Agora é minha vez de cuidar de você? - perguntei, rindo.
- Vai sonhando! - ela exclamou por cima do barulho de “tchisssss” do lacre. - Eu sou tão durona quanto aparento.
- Mas até que você está menos “dumal” hoje. - eu disse, escaneando-a de cima a baixo. Ela jogou a tampinha no lixo e deu um longo gole da sua cerveja.
- Eu tenho um bom professor. - finalmente disse, depois do longo gole, sorrindo de um jeito meigo.
Estava na dúvida sobre o que eu achava sobre aquilo. Ou ela seria o meu melhor projeto ou seria minha maior dor de cabeça. Eu sabia que ela precisava, mas eu queria que ela mudasse o seu jeito meio bruto de ser! Quero dizer, ela, dentre todas as outras meninas que passaram por minha vida, fora a única capaz de me prender por mais de dois dias. Não que eu estivesse apaixonado nem nada do tipo - eu acho - mas aquela obsessão era divertida, e eu acabaria com ela transformando Lua em mais um ser sem conteúdo?
Mas era claro que eu estava subestimando sua capacidade mental. Lua seria Lua vestida de macho ou de coelhinha da playboy.
- E aí, o que as mulherzinhas estão fazendo aqui? - Chay perguntou, entrando na nossa cozinha caótica com 4 latinhas vazias. Colocou em cima da pilha de latinhas vazias e pegou mais quatro na geladeira. - Tá frio, né? A gente não pode nem ficar pelado…
Lua riu da sua observação, saindo da cozinha com ele, me deixando ali parado em pé, sozinho.
Qualquer outra garota ficaria ali, conversando comigo, até que eu estivesse afim de parar de conversar e partir para a ação. Mas não Lua… Ela simplesmente virou as costas e foi embora. Sem mais nem menos. O que me deixava com uma bifurcação mental: Ou ela não estava nem um pouco interessada ou ela estava fazendo jogo duro. Porque, quero dizer, ela não estava pegando os sinais? “Errei” sua bochecha, convidei-a para ir à minha casa, fiquei fazendo gracinhas perto dela…
Mas o que eu estou dizendo? Eu nem estava afim dela!
Ou talvez nem tanto…


Continua..

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