Segunda-feira. Dia que Arthur receberia as instruções para finalmente soltar a Lua daquele inferno. Estava nervoso e estressado, já passava das 21h e nada do sequestrador ligar.Mel, Chay, Micael, Harry e Billy estavam da mesma forma. Todos, assim como Arthur, ansiavam o fim daquele desespero.
- Lembram quando a Lua fez aquela surpresa pro Aguiar? – Mel começou, quebrando o silencio horrível que estava instalado na casa. – Do aniversário dele? – Arthur sorriu ao se recordar e foi acompanhado por todos os outros. – Foi a maior loucura que eu já vi ela fazendo! – Mel encostou sua cabeça no ombro do Suede que a abraçou de lado.
- E quando ela inventou de ensinar a gente a cozinhar? Aquela lasanha que eu fiz ficou horrível, mas só ela teve coragem de comer pra não me deixar triste! – Micael falou provocando algumas gargalhadas.
- Ela passou mal aquela noite sabia, Micael? – Billy disse sorrindo. – Me pediu pra não falar nada pra ninguém, nem pro Arthur, pra não te deixar culpado. – Os outros começaram a zoar o Micael por causa da história. E a conversa se desenrolou para vários acontecimentos que envolviam a Lua.
A conversa foi interrompida minutos depois pelo telefone tocando. Arthur se levantou e atendeu o mesmo.
- Alô?
- Aguiar, vou ser breve. Você virá sozinho, com as duas malas pretas e o dinheiro nelas, é claro. Pegará a 216n em sentido a Manchester. Logo no começo, há uma placa indicando a estrada de terra para algumas fazendas. Você pegará essa estrada e seguirá até a terceira fazenda. Deixará seu carro parado onde há uma árvore bem grande em frente à fazenda e levará as malas com você. Assim que você adentrar pela porteira conseguirá ver uma pequena casinha para empregados. É ali aonde você vai me encontrar, e consequentemente, encontrar a florzinha. Entendeu?
- Sim, entendi. E o horário?
- Esteja lá às 23h em ponto.
- Ok. – Depois de concordar, o sequestrador desligou o telefone. Arthur não colocou o aparelho em seu lugar, pelo contrário, começou a discar uns números.
- O que? Ele pediu pra você ligar para alguém? – Billy perguntou não entendendo. Arthur negou com a cabeça com o aparelho no ouvido.
- Já está na hora de eu ligar pro meu amigo policial. – Todos os presentes o olharam com feições assustadas. – Eu não vou correr o risco de sair daquele lugar sem a Lua comigo. – Disse antes de escutar um “Alô?” do outro lado da linha. – Olá, Kevin! Chegou a hora! Nós precisamos conversar.
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Robert chegou até o local do cativeiro com um sorriso no rosto. Finalmente o que ele estava planejando ia ser comprido no dia seguinte, e ele não via a hora de isso acontecer.
Adentrou o local e foi diretamente até o quarto onde Lua estava. Confirmou que ela ainda estava ali, amarrada, e sorriu indo até a cozinha onde Jeff lia uma revista qualquer. Arrastou uma cadeira e sentou ao seu lado, chamando sua atenção, que foi desviada do que ele estava lendo.
- Amanhã você vai ter que se despedir da sua nova amiguinha – disse com um sorriso no rosto. – E dar boas vindas a sua recompensa! – Era para Jefferson sorrir com a notícia, mas alguma coisa dentro dele dizia que o dia seguinte seria um desastre.
- O que você está planejando para amanhã? – perguntou encarando o homem, que começou a se balançar na cadeira com o apoio do pé.
- O noivo da florzinha vai chegar às onze. Eu vou recepcioná-lo enquanto você vai ficar de olho na florzinha. No momento em que eu te chamar, você vai aparecer com ela e ele, ao vê-la, vai entregar o dinheiro a mim. Mas nenhum dos dois vai sair vivo daqui. – Os olhos de Jeff se esbugalharam com aquela declaração. Robert sorriu com a reação dele. – Ou você achou mesmo que depois de ver as nossas caras durante uma semana, ela não iria gravar e fazer um retrato falado nosso para a polícia?
- Mas com o dinheiro do resgate dá para nós fugirmos daqui, não há necessidade disso! – Jefferson debateu, sentindo que suas mãos tremiam demais. Ele nunca quis fazer mal a ninguém. Só precisava do dinheiro.
- Há necessidade, sim, Jefferson! Primeiro, o noivo dela vai me reconhecer, somos amigos de longas datas. E eu iria matá-lo de qualquer maneira. Já a florzinha, eu resolvi só agora depois de pensar bem que ela não iria ficar nem um pouco feliz ao me ver matando o noivo dela, iria nos ferrar de qualquer jeito. – Robert parecia alheio àquele local, estava viajando em como seria o dia seguinte. Estava louco para poder acabar com o Aguiar.
- Como assim você é amigo do noivo dela? – perguntou completamente confuso.
- É uma longa história. – Robert continuou viajando em pensamentos.
- E mesmo assim você vai matá-lo? Que espécie de amigo é você? – Jeff estava abismado. Agora tinha noção da confusão em que havia se metido.
- Aquele filha da puta merece morrer. Ele acabou com a minha vida! E eu vou fazer melhor ainda! Vou matar a florzinha na frente dele! Eu quero que os últimos minutos da vida dele sejam os piores possíveis! – Robert parecia possuído pelo ódio. Jeff não sabia o que fazer. Não podia deixar que aquilo acontecesse.
- Eu não vou fazer parte disso, Robert! – Jefferson se levantou da cadeira, completamente nervoso. Para sua surpresa, Robert se levantou com uma arma em mãos e apontou para ele.
- Você vai sim, sabe por quê? Porque eu não posso fazer isso sem um ajudante. Ou você faz por bem, ou eu vou hoje mesmo atrás daquela sua mulherzinha grávida! – Jeff sentiu seu rosto empalidecer. Como ele sabia da sua esposa? – Achou mesmo que eu não sabia nada sobre você, Jefferson? Eu não sou tão idiota. É só uma ligação minha para aquela favela e você vai ver sua mulherzinha grávida num caixão! Entendeu? – Jeff concordou de leve com a cabeça. – ENTENDEU, PORRA? – Robert gritou alterado e ainda apontando a arma para a cabeça de Jefferson.
- Entendi – ele disse tentando não gaguejar. Robert sorriu de um jeito maléfico e abaixou a arma.
- Ótimo! Agora vai lá ficar de olho na florzinha. Aproveite para se despedir – Robert falou antes de abrir a geladeira e pegar uma cerveja.
Continua...
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