Capitulo 43
Domingo, dia 8 de Novembro, 13:13, parque Cloverfield.
Lua:
- Você é tão babaca, mas tão babaca, que eu não sei como minha mãe caiu na sua conversa… - eu disse, e Thur riu, lambendo meu sorvete de flocos. - Desde quando eu jogo golfe?
- Desde quando você descobriu sua paixão pelo esporte! - ele comentou, e foi minha vez de rir.
Nós havíamos acabado de sair do almoço com minha mãe - que estava perdidamente apaixonada pelo Thur - e estávamos sentados embaixo da sombra de uma árvore gigante, no meu parque favorito de Rio . Thur havia comprado uma casquinha para nós dois, e estava comendo o resto da minha.
O negócio foi que Thur inventou uma história ridícula sobre como nos conhecemos - eu me machuquei jogando golfe e ele estava no campo, me levou para o ambulatório e no dia seguindo me levou para jantar e me deu rosas vermelhas -, e eu fiquei o almoço inteiro beliscando ele por debaixo da mesa, me segurando para não rir. Mas minha mãe, cega por toda a vantagem que Thur contava, achou a coisa mais fofa do universo. E eu pude sentir a inveja nas feições de suas amigas, e quanto mais suas amigas tinham inveja dela, mas ela se sentia superior.
Thur sacou muito bem minha mãe. Mais do que eu mesma, em 17 anos.
Que grande ironia do destino…
- Mas e aí, pronto para encontrar seu pai amanhã? - perguntei, e Thur fez uma careta.
- Ainda nem contei pra ele… Aliás, vou fazer isso hoje à noite. Você miou meu role, viu Lua… Meu pai vai comer meu toba! - ele suspirou.
- Quem mandou me tratar feito cocô. - dei de ombros. - Mereceu.
- É, eu sei… Aqui se faz, aqui se paga. Só queria ver quais vão ser os comentários sobre o fato de eu supostamente estar bisbilhotando Alana. - ele riu, rouco, e olhou pra mim. - Jogada de mestre em Lu?
- Lua. - corrigi.
Paramos de conversar um pouco e olhamos para o horizonte.
Estávamos bem novamente. Éramos amigos novamente.
Então porque eu tinha a sensação de que algo estava faltando?
- Acabou o assunto? - ele perguntou, me tirando dos pensamentos.
- Provavelmente. - respondi.
- Ótimo, agora eu já posso partir pro ataque. - ele disse, me abraçando pelos ombros e jogando seu peso em cima de mim, me tombando para o lado. Comecei a rir, e empurrar ele pra longe, segurando seu rosto entre as mãos.
Ele dizia coisas como “agora você vai ver quem é o idiota” e eu só conseguia rir e virar meu rosto de um lado para o outro, evitando que ele me lambesse. Depois de algum tempo de luta, desisti, soltando os braços ao longo do corpo. Thur deitou-se ao meu lado, rindo e arfando como eu.
- Idiota! - exclamei.
- Olha que eu faço de novo, eim!? - ele ameaçou, apertando meu braço.
- Desculpa, desculpa. - pedi, e ele o soltou. Depois virou-se de lado, e eu fiz o mesmo.
- Oi. - ele disse, todo cheio de grama pela roupa.
- Oi. - respondi, sorrindo.
- Posso… - ele parou, mordendo o lábio inferior. Então colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, deixando a mão na minha nuca. - Posso terminar o que começamos ontem?
- Pode. - respondi, hipnotizada pelos seus olhos castanhos.
Ele se aproximou, primeiro roçando seu nariz no meu, depois encostando seus lábios no meu.
Coloquei minhas mãos entre seu cabelo e relaxei.
O que estava acontecendo entre nós dois?
Continua...
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