Capitulo 82
Sexta-feira, dia 13 de Novembro, 17:45, banheiro do trem.
Lua:
Minha mãe estava certa, eu era uma péssima mentirosa. E agora estava trancada no banheiro fazendo aquela respiração ridícula de cachorrinho. Ele provavelmente sabia o efeito que tinha sobre mim, e continuava a brincar comigo daquele jeito.
Amigos… Ele queria mesmo só ser meu amigo?
Joguei água no meu rosto e me olhei no espelho. Minhas bochechas estavam coradas, e meu cabelo despenteado. Meus olhos estavam um pouco borrados da maquiagem e meu piercing no nariz estava meio inflamado, vermelho no buraco. Coloquei a língua para fora, e ela estava amarela, um tanto quanto nojenta.
Claro que ele queria ser só meu amigo. Quem gostaria de ficar com uma menina esquisita como eu? Quem?
Respirei fundo e abri a porta, tomando coragem para voltar à nossa cabine. Quando finalmente consegui abrir a porta, encontrei Thur olhando para fora da janela, absorto em pensamentos.
Sentei-me no meu banco e fiquei olhando pra ele, calada.
Aquela viagem seria longa…
Ficamos uma eternidade em silêncio, olhando para a paisagem que passava voando pela janela. Queria que ele dissesse algo, mas ao mesmo tempo queria que ele permanecesse calado e me deixasse em paz, para pelo menos tentar esquecer o que eu sentia. Seria melhor…
- Você me deixou confuso. - ele balbuciou, depois de muito tempo quieto, ainda olhando pela janela. Meu coração deu um pulo no peito. - Você passou a imagem de quem não estava afim de uma coisa mais séria… - então ele me olhou, suplicante. - Não estou falando que o que eu fiz foi certo, nem estou tentando me justificar, mas é quase impossível ler suas reações, suas expressões.
- Digo o mesmo. - respondi, com uma coragem repentina. - Mas eu não imaginava que você pudesse me trair. Eu… Gostava de ficar com você.
- Me desculpe. - ele pediu, sincero. - É sério, Lua, nunca quis te magoar.
- Tudo bem. Já passou. - dei de ombros, estendendo a mão. - Amigos?
Ele olhou para a minha mão estendida na sua frente e subiu os olhos para mim. Aí sorriu meio de lado, apertou minha mão e me puxou para ele. Desequilibrei-me e acabei caindo em seu colo.
- Não. - ele respondeu. - Não quero ser seu amigo.
Então ele me beijou.
Continua..
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