Capitulo 94
Domingo, dia 15 de Novembro, 9:13, hospital de Brighton.
Thur:
Estava com os olhos pregados na testa desde o dia anterior. Aquele quarto de hospital já estava começando a me irritar. O sono me dominava…
Olha, não me levem a mal… Eu ainda tentei entrar na frente para que o carro não a pegasse, mas o melhor que consegui fora fazer com que ele não passasse em cima dela. O impacto foi menor. Mesmo assim, somando a pancada na sua cabeça, minha perna quebrada e os arranhões em meu corpo devido à queda, fora um acidente e tanto. Mas pelo menos tudo estava bem, e ela acordaria a qualquer momento.
Não conseguia nem imaginar como seria se eu não tivesse empurrado seu corpo. Não gostava de imaginar… Só a lembrança de vê-la desmaiada ao meu lado na hora do acidente me dava calafrios…
-Arthur, vá pra casa… – Adriana resmungou ao meu lado, mais dormindo do que acordada.
- Vá você, Adriana, eu estou legal. Daqui a pouco os meus amigos chegam aí… E eu vou.
Olhei para Lua, que dormia tranquilamente, enfaixada. Havia batido o lado da cabeça e só ficaria no hospital em observação enquanto dormia. Assim que acordasse o médico a analisaria e a mandaria para casa. Pelo menos era o que nós esperávamos.
Adriana suspirou, vencida.
- Eu queria estar aqui quando ela acordasse, mas preciso tomar um banho e tirar esse vestido… Assim que eu voltar você vai para casa tirar esse smoking também.
Concordei com a cabeça só para não contrariá-la, porque eu não tiraria meu corpinho daquele quarto até que Lua acordasse.
Ela se levantou e lançou um olhar triste em direção à filha adormecida antes de sair.
Apoiei a cabeça na parede, fechando os olhos por um instante. Minha sensação fora a de só ter piscado, mas acordei duas horas depois com Sophia, Rayanna e Mel me chacoalhando.
- Arthur, vá para casa, tome um banho, descanse a perna e lave essas arranhados… Os meninos já estão chegando, nós vamos ficar aqui esperando você voltar! - Sophia passou a mão pelo meu gesso.
- Não, não… Vou esperar ela acordar… - balbuciei, antes de apagar de novo.
Despertei novamente com o entardecer. O céu escurecia, mas o quarto estava claro. Minha visão estava embaçada e minha perna doía muito. Ao meu lado vozes conhecidas conversavam.
- Ele ficou aí a noite inteira… - Sophia comentou.
- Não queria nem engessar a perna pra não sair do seu lado! - Mel completou, rindo.
- Muito fofo… - Rayanna suspirou.
- Olha, isso é tudo muito confuso… Eu nem conheço Arthur Aguiar direito! Me expliquem novamente como ele veio parar em uma cama ao meu lado?
- O QUÊ? - berrei, sentando-me com um pulo. Todas deram um gritinho, assustadas. Olhei para Lua, que levara a mão ao coração e respirava fundo. - V-você… Você não se… Você não se lembra de nós!?
- Meu Deus, você quase me matou do coração, cara! - ela ofegou. - Eu sei quem é você, mas não, não me lembro de sermos amigos…
- Amigos? Amigos!? - olhei para minhas amigas, que ainda se recuperavam do susto, mas tinham uma expressão de pena no rosto. - É brincadeira, né?
Eles negaram com a cabeça. Voltei minha atenção à Lua.
- Lua, linda, sou eu! O Thur! Nós dançamos ontem no baile… Eu sou seu… Eu sou seu namorado… Ou quase isso… - as palavras saíam engasgadas. Aquilo não podia estar acontecendo.
Lua soltou uma risada gostosa.
- Sim, e eu sou a Nicole Kidman!
Olhei novamente para minhas amigas, desesperado.
- Thur, não adianta. Ela não se lembra de nada a partir do começo de novembro. Ou seja, a partir do dia em que vocês dois começaram a se falar… - Rayanna fez uma careta. - O médico disse que talvez suas memórias voltem, mas não podemos ficar forçando…
Abri a boca e cruzei os olhares com Lua, que me olhava com um misto de admiração e nojo, exatamente do mesmo jeito que me olhara no primeiro dia em que fora pedir sua ajuda.
Eu não podia acreditar. Aquilo não estava acontecendo. Depois de tudo que havia acontecido entre a gente ela se esquecia de tudo!? Em que mundo injusto nós vivíamos!?
Levantei-me, uma dor cortante atravessando minha perna quebrada. Apoiei o gesso no chão, ignorando as ordens do médico, e manquei até a porta do quarto, sendo observado pelas quatro. Na verdade Lua não me observava, mas passava os olhos por mim. Deveria estar tomando drogas para a dor, e seus olhos não se fixavam em nada.
- Onde… Onde estão meus amigos? - perguntei, com a garganta seca.
- Na lanchonete. - Rayanna respondeu, mobilizada pela minha “perda”.
- Eu… Eu já volto… - anunciei, saindo pela porta.
Eu estava perdido…
Continua..
Acheii muiito triste , tomara que ela se lembre de tudo .
ResponderExcluirai q triste!!!!parece ate verdade!!tomara q ela lembre dele!!
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