Capitulo 48
Segunda-feira, dia 9 de Novembro, 14:32, shopping.
Thur:
- Ah, qual é, não atrasei tanto assim! - exclamei, ao avistar Lua apoiada na parede ao lado do Burguer King, me olhando com instinto assassino e apontando para o relógio. - Só… Meia hora!
- O que aconteceu? Furou o pneu do carro? - ela perguntou, fazendo cara de quem não estava caindo na minha conversa.
- Na verdade eu meio que… Dormi. - disse, envergonhado.
Contei toda a história, de ter saído para pensar, deitar no banco e adormecer, e no final ela já estava rindo sem parar.
- Dormiu no banco da praça? Estilo seu guarda eu não sou vagabundo? - perguntou, rindo.
- Foi mal… Mas pelo menos eu não esqueci! - exclamei, segurando sua mão. Ela se contraiu um pouquinho, e eu dei dois passos pra frente, tentando fazer com que ela se sentisse confortável. - Nunca que eu esqueceria. Você é meio vingativa.
- Ah, nem tanto assim! - ela disse, rindo.
Olhei para ela de cima a baixo. Usava um Adidas preto e cinza, uma calça jeans skinny, uma regata preta e o cabelo solto. Estava no estilo dela, e eu percebi que há alguns dias atrás, quando havia dito que me apaixonaria por ela quando a transformasse em uma bonequinha, eu estava errado. Eu me apaixonaria por ela quando conhecesse sua personalidade.
Ela era uma bonequinha do mal.
- Vamos comprar as entradas? - sugeri, e nós dois fomos até a bilheteria. Minha mão ainda estava entrelaçada com a dela, e nós dois não sabíamos exatamente o que fazer.
Compramos para a próxima sessão, das 15h15, pois havíamos perdido a das 14h, e descemos para fumar. Ficamos sentados no mesmo banco em que algumas meninas pediram autógrafo para mim, discutindo sobre quem era melhor, Plus 44 ou Angels and Airwaves. Chegamos à conclusão, depois de dois cigarros e muitos argumentos, de que o Blink era e seria sempre melhor. Depois começamos a discutir sobre qual série era melhor, Fringe ou Lost, e concluímos que Life on Mars era a melhor série de todos os tempos, bem melhor que essas séries americanas enlatadas.
Embora existisse uma versão de Life On Mars norte-americana. Mas ela nunca chegaria aos pés da boa e velha versão britânica.
- São dez pras três, será que já pode entrar? - ela perguntou, depois de alguns segundos de silêncio.
- Acho que só quando faltam quinze minutos pro filme começar. - respondi. - Você quer tanto assim ficar no escuro comigo? Eu sou tão feio assim?
- E mais uma vez, Arthur Aguiar pensa que o mundo gira em torno do seu umbigo! - ela brincou, imitando voz de narrador.
- E não gira? - perguntei, fazendo-a rir.
- Bom, do jeito que aquela gravadora me enche o saco, realmente minha vida está girando em torno da sua. - ela me olhou, sorrindo, e me encontrou com a sobrancelha arqueada. - Através do Phoenix, claro!
- Ahã. - balancei a cabeça, concordando.
- Por que essa ironia? - ela perguntou, apertando os olhos.
- Nada… Nada… - respondi, dando de ombros.
- O que você está querendo dizer, eim, seu idiota!? - ela exclamou, me dando dois tapas no ombro.
- Você é muito desconfiada, Lua! - eu ri, enquanto tentava me defender dos tapas. - Não estou querendo dizer nada!
- Hunf. - ela murchou, parando de me bater. - Bom mesmo. - ameaçou, fazendo um bico engraçado.
- Mas que você nega que não vive sem mim, nega… - sussurrei, fingindo que falava comigo mesmo, mas falando alto o suficiente para que ela voltasse a me bater.
Deixei que ela me atingisse por alguns segundos, como se estivesse sem defesas, mas depois peguei seus dois braços com força e de surpresa, e a puxei para mais perto de mim. Ela soltou um gritinho e fechou os olhos, apertados.
- Calma, linda, eu não vou bater em você. - comentei, achando graça da situação. - Pode abrir os olhos.
- Se bater leva 50 mil voltz no pescoço. - ela murmurou, abrindo os olhos devagar. - Não me subestime.
- Nunca. - eu disse, aproximando nossos rostos.
Eu queria mais uma vez beijá-la. Queria mais uma vez sentir seu gosto. Nunca havia sentido tanta vontade de beijar alguém como estava sentindo naquele momento. Pensei que fosse ser como todas as outras, que a vontade de ficar ia diminuindo, mas toda vez que encontrava Lua tinha mais e mais vontade de beijá-la e ficar com ela!
Respirei fundo, olhando seus olhos bem de perto. Ela deixou a respiração vacilar e mordeu o lábio inferior.
Quando dei por mim, já estava com os braços envolvendo sua cintura e sentia suas mãos se enrolarem no meu cabelo.
Ficamos algum tempo nos beijando, quando ela separou nossas bocas e sussurrou:
- O filme vai começar.
Ri baixinho e apoiei minha cabeça em seu ombro.
- Você quer mesmo assistir ao filme? - perguntei, distribuindo beijos pelo seu pescoço.
Seu pescoço cheirava a tangerina.
Eu amava tangerina.
- Quero. - ela riu, provavelmente com cócegas.
- Mesmo? - insisti, subindo os beijos para a almofada da orelha.
- Corujas que viram ET’s? Claro que eu quero! - ela exclamou, e eu encostei minha testa na dela, fazendo beicinho. - Você não vai me convencer.
- Nem se eu cantar pra você? - perguntei, procurando na minha memória alguma música que tivesse a frase “prefiro ficar te beijando do que ir ao cinema assistir ET’s que na verdade são corujas”.
- Não! E vamos logo se não a gente vai perder a sessão. De novo. - ela me fuzilou com os olhos.
- Merda… - reclamei, sendo guinchado para dentro do shopping. - Que tipo de garota que gosta de ET’s?
- E dinossauros. - ela completou. - Sou do tipo de garota que gosta de ET’s E dinossauros.
- Meu Deus, aonde eu fui amarrar meu burro? - perguntei, e ela riu meio constrangida.
Chegamos ao cinema e nos sentamos na última fileira. Assim que encostamos nossas bundas geladas nas poltronas, agarrei-a e recomecei a beijá-la loucamente, estilo crazy life. Ouvi os estalos de que o filme ia começar e ela não deu sinal de que ia parar tão cedo de me beijar. Estava até esperançoso de que todo aquele papo de amar ET’s e dinossauros fosse só uma desculpa para ela me agarrar no escuro do cinema, mas assim que as primeiras palavras do primeiro trailer ecoaram pelo cinema, ela separou mais uma vez nossos rostos e fixou seus lindos olhos de gatinha na tela do cinema.
Passei o filme inteiro tomando sustos com corujas e tentando chamar sua atenção, mas ela só ria e de vez em quando dava beijinhos no topo da minha cabeça, como se eu fosse uma criança assustada.
Não bastasse ela se importar mais com, sei lá, um cachorro cagando, agora eu teria que adicionar à minha lista de disputa os malditos ET’s.
E os malditos dinossauros.
Continua...
Quee Liindo , Posta até o 50 !! Por favor , ta muiito liinda essa web !!
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