Capitulo 87
Sábado, dia 14 de Novembro, 13:37, salão.
Thur:
Patético. Aquilo era patético. Eu me sentia patético. Incrivelmente patético. Patético, patético, patético.
Bufei, pelo que parecia ser a vigésima sétima vez.
- Querido, pare de se mexer ou eu vou te machucar! - a senhora de uns 50 anos à minha frente pediu, apontando com os olhos para o alicate em sua mão.
Olhei para o lado, ainda não me conformado que aquilo estava mesmo acontecendo - e pedindo a Deus para que nenhum dos guys soubessem daquilo - e avistei o padrasto de Lua sair de outra sala com um cara todo de branco atrás de si.
Quando ele me oferecera a massagem fiquei tentado a aceitá-la, mas depois descobri que era feita por um homem e dei uma desculpa qualquer, recusando o convite. Era um cara! Suas mãos eram peludas! Pelo amor de Deus!
Ele acenou para mim com a cabeça entrando em outra sala para hidratar o cabelo.
Aquele lugar me dava náuseas.
Bufei mais uma vez.
- O que te incomoda, querido? - a senhora perguntou, sem tirar os olhos atentos das minhas mãos cascudas.
- Nada… - menti. Na verdade, o que eu mais queria era gritar para ela que o fato de estar fazendo as unhas me incomodava, o fato de estar em um salão de belezas me incomodava e, acima de tudo, o fato de que a garota que eu amava parecia não sentir o mesmo por mim me incomodava, mas não seria uma coisa muito legal de se dizer. Principalmente porque duas das coisas que me incomodavam eram relacionadas a ela.
- Bom, se quiser me contar, estou a sua disposição. - ela ofereceu, sorrindo.
Olhei para os dois lados, sentindo minha língua formigar.
“Não! Pare com isso, Thur! Você é homem, e não vai contar seus problemas a uma manicure, como uma garotinha indefesa e sem auto-estima!” pensei, mordendo a bochecha com força.
- Agarotaqueeuamonãomeama. - soltei de uma vez, sentindo um alívio no peito.
A manicure continuou séria, trabalhando em minha mão, e por um instante pensei que ela não tivesse ouvido. Preparei-me para repetir, quando ela me cortou com uma pergunta:
- Como você pode ter certeza? Ela chegou a dizer que não te ama?
- Hm… Não, mas eu já disse que a amo duas vezes e nas duas vezes ela deu um jeito de fugir do assunto. Hoje, por exemplo, ela ficou muda por um bom tempo, me olhando com cara de pastel, e quando eu pedi que dissesse alguma coisa ela fingiu se assustar com a sua mãe, que gritou pela escada que o almoço ia esfriar. - respondi, tentando convencê-la de algo que nem eu tinha certeza. Não sabia se ela me amava, mas também não podia afirmar que ela não gostava nem um pouco de mim. Afinal, depois de tudo que tinha feito para me ajudar…
- Se é esse seu problema, faça ela dizer que te ama. - ela aconselhou, olhando para mim pela primeira vez, por cima da armação dos óculos de gatinha. - Como fazer isso? Só você sabe.
Continua...
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