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12/12/2011

"O Melhor pra Mim"


Capitulo 88


Sábado, dia 14 de Novembro, 18:48, baile.
Lua:
- Finalmente! - exclamei, levantando-me da cadeira. Minha bunda estava quadrada e formigando. Virei-me para o espelho e sorri, maravilhada. Todo o trabalho tinha valido a pena. Hugo, o cabeleireiro, havia transformado meu cabelo  sem graça num emaranhado de cachos rebeldes. A maquiagem era bem escura, mas suave ao mesmo tempo. Sombra dourada e preta nos olhos, blush pêssego e a boca rosa.
Se Thur me ouvisse descrevendo uma maquiagem, ficaria orgulhoso de mim!
- Você está uma gata, Lua! - Hugo exclamou, afetado.
- Lindíssima! - minha mãe comentou, sorrindo. Ela já estava com o seu vestido longo e lilás, e nós já estávamos um pouco atrasadas. Meu padrasto havia ligado minutos antes para avisar que já estava no restaurante do hotel onde o baile aconteceria, e eu só queria sair logo dali e encontrar Thur de smoking, totalmente sexy, só meu.
Era o que eu mais queria!
- Bom, agora, o mais importante! - ela exclamou, correndo até a outra sala. Voltou dois segundos depois com o misterioso vestido curto. Ela havia passado a tarde inteira me cutucando, dizendo quão lindo o vestido era, e eu já estava mais do que curiosa para finalmente vê-lo. Mas não esperava pelo o que estava por vir e deixei meu queixo cair quando ela abriu o zíper da capa.
Era incrivelmente estonteante e completamente abusado! Eu não conseguiria usar aquele vestido! Era curto demais! O que Thur pensaria ao me ver com aquele vestido? Se ele ao menos conseguisse pensar com a cabeça de cima ao me ver com ele! Onde minha mãe estava com a cabeça? O vestido era lindo, mas não era minha cara. Aliás, era bonito demais para mim…
- Mãe! - exclamei, horrorizada. - É curto demais!
- Ah, Lua, vamos lá, seja ousada uma vez na vida! - minha mãe incentivou, e o cabeleireiro,Hugo, concordou com a cabeça. - Thur nunca mais vai ficar longe de você ao te ver com esse vestido!
Virei os olhos. O vestido seria perfeito para uma patricinha, coisa que eu nunca fora. Meu negócio sempre fora guitarras e desafios matemáticos. Bonecas e maquiagem estavam sempre em segundo plano. Aquilo era o total contraste da minha personalidade!
Engoli meu orgulho e fui até a sala ao lado me vestir. Tirei minha saia jeans branca e minha regata verde - que Thur havia me orientado a usar de manhã e minha mãe suspirara de prazer ao me ver usando alguma cor sem ser preto uma vez na vida - e joguei as peças no chão, colocando o vestido com cautela para não estragar meu cabelo e maquiagem. Fechei o zíper com cuidado, enfiei-me na meia-calça e calcei os sapatos. Olhei-me no espelho, contrariada.
Arregalei os olhos.
Aquela era eu refletida no espelho? Quando eu havia ficado… Bonita?
- Saia, saia, nós queremos ver! – Hugo  exclamou, girando a maçaneta.
Saí da sala ainda meio fora de órbita, e fiquei algum tempo ouvindo Hugo e minha mãe exclamarem o quão linda eu estava. Era estranho, mas eu me sentia mesmo linda! Alguma coisa naquele vestido, na atmosfera, dentro de mim, tinha mudado. E a sensação era boa.
Olhei-me novamente no espelho, agora hipnotizada, enquanto minha mãe andava frenética pelo salão, capturando nossas coisas espalhadas. Não conseguia acreditar que aquela era… Bom, eu! Com certeza se aquilo estivesse rolando duas semanas antes, eu estaria surtando, doida para arrancar aquele vestido idiota e colocar algum blusão confortável, batendo boca com a minha mãe enquanto ela se lamentava por não ter a filha que havia pedido a Deus.
Só que eu não estava com vontade de fazer nada daquilo.
Não naquele momento.
- Vamos, filha, já são quase sete horas e nós ainda precisamos fazer uma social. - minha mãe comentou, passando o cartão para pagar Hugo. Concordei com a cabeça e me despedi de todos, animada. Sim! Eu estava animada! Para um baile idiota!
Entramos no táxi e minha mãe pediu para que o motorista fosse voando. Ela foi o caminho inteiro falando ao celular com meu padrasto, pois Taylor estava dando trabalho. Ele queria ir embora pra ir a uma festa com os amigos, que não paravam de ligar, e meu padrasto não sabia o que fazer. Minha mãe então teve que ficar o caminho inteiro convencendo-o a ficar pelo menos até a valsa, em que eu dançaria com Thur.
Sorri ao ouvir aquilo. Havíamos treinado algumas vezes a temida valsa, mas eu sempre acabava pisando em seu pé ou miando a dança para fazer alguma coisa mais interessante, então tinha certeza que a tão esperada valsa seria um fiasco. Mas pelo menos nós iríamos nos divertir e rir bastante.
Finalmente chegamos ao salão. As amigas da minha mãe a esperavam na porta com suas filhas entediadas, que conversavam entre si. De imediato soube que odiaria todas elas, mas tentei ser simpática, cumprimentando-as com beijinhos no rosto e sorrisinhos falsos. As amigas da minha mãe elogiaram meu vestido com uma pontinha de inveja, e eu agradeci, morrendo de frio com os ombros nus, rezando para que elas parassem de falar e entrassem logo na porra do salão. Quanto mais rezava, mais elas demoravam, e eu tinha certeza que entraria em colapso quando uma delas sugeriu que toda nós entrássemos. Virei os olhos, aliviada, e as segui. Ao entrar no salão, um calor aqueceu minha pele e coração.
Procurei Thur com os olhos e não o encontrei. Avistei nossa mesa, onde Dylan jogava game-boy e Taylor falava ao celular, ignorando meu padrasto, que bebia seu whisky distraído.
- Meninas vou animar um pouco o Luciano, nos falamos depois! - minha mãe brincou, indo até a mesa. Fui atrás dela sem me despedir e, ao chegar, Taylor desligou o celular e ficou me olhando boquiaberto. Dylan não se deu ao trabalho e continuou a jogar.
- Está muito bonita, Lua! - Luciano comentou, sorrindo.
- Obrigada. - sentei-me ao lado de Taylor, que ainda não havia tirado os olhos de mim. - Onde está o Thur?
- No bar. - Taylor murmurou.
Era de se esperar que Thur estivesse no bar…
- Bom, vou atrás dele. - anunciei, levantando-me. Assim que o fiz, reparei que metade do salão se virou para me olhar. Pela primeira vez na vida eu não passei despercebida. E quer saber de uma coisa? Eu gostei da sensação.
Caminhei por entre as mesas, sob cochichos de que eu era a ausente filha de Adriana e comentários invejosos sobre o meu vestido e aparência. Não que eu me importasse, eu era sempre o alvo de comentários… Na escola, então, sem comparação! Uma nerd punk e agora suposta namorada de Arthur Aguiar? Uou! Eu era o assunto do momento! Mas aqueles comentários não eram de desprezo, eram de pura inveja, e pela primeira vez na vida eu me senti alguém importante.
Cheguei ao bar, decepcionada por não encontrar Thur. Onde ele estaria? Pelos cantos com alguma das filhas vadias das amigas de minha mãe? Meu sangue borbulhava só de pensar naquilo… Mais uma mancada e Thur poderia me esquecer pra sempre. E eu não estava brincando.
Bom, já que estava por lá mesmo…
- Uma Cuba Libre, por favor. - pedi ao barman, que foi preparar minha bebida. Sentei-me nos banquinhos altos de couro do bar e olhei em volta. Thur não estava em lugar nenhum! Senti um misto de sentimentos ruins…
Peguei minha bebida das mãos do barman e tomei um longo gole por que aquela seria uma longa noite…

Continua...

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