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14/12/2011

"O Melhor pra Mim"


Capitulo 100

Domingo, dia 15 de Novembro, 19:13, quarto de hóspedes.
Thur:
Ela simplesmente dormiu. Simplesmente… Dormiu! Quero dizer, ela não disse um “boa noite, Thur” ou, sei lá, um reles “falou, mano!”. Ela só virou pro lado e dormiu.
Fiquei uns bons quinze segundos olhando pro seu cabelo até perceber que, sim, ela havia me ignorado completamente. Bufei, puxei meu iPhone e fiquei jogando. Não iria sair dali, não mesmo. O quarto de hóspedes cheirava a atum.
Passei alguns minutos me divertindo, até que ela levantou a cabeça e suspirou.
- Perdi o sono. - comentou.
- E eu perdi o jogo. - disse, enfiando o celular no bolso. - Somos dois perdedores. Quer fazer alguma coisa?
- Tipo…?
Ele pegou minha mão e saiu para o corredor. Seus irmãos barulhentos estavam um pouco mais quietos, e eu pude ouvir a risada escandalosa de sua mãe no quarto.
Descemos a escada - ela infelizmente havia soltado a minha mão - e fomos até a cozinha, saindo pela porta dos fundos para a piscina.
- Eu nem sei por que uma pessoa em sã consciência tem uma piscina,já que tem um Mar inteiro bem na frente de sua Casa… - ela suspirou. - Só para mostrar que tem dinheiro. Coisa imbecil…
- Meus pais têm uma piscina… - murmurei. - Na Suécia…
Lua me olhou com um misto de arrependimento e divertimento. Optou por deixar o divertimento falar mais alto, e gargalhou; pude ver o sininho da sua garganta, e aquilo me fez rir também.
- Ah, meu Deus… Nossos pais são patéticos… - ela suspirou, sentando-se na grama molhada. O Sol já havia se escondido, e o céu estava de um azul escuro. Lua estava bem agasalhada, com um blusão masculino de frio e calça jeans.
- Como pode dizer isso? Lembrou-se dos meus pais? - perguntei, estranhando aquele comentário.
- Não! - ela exclamou, rindo de um jeito meio forçado. - Mas ninguém pode não ser patético e ter uma piscina na Suécia! Certo?
- É… Faz sentindo… - dei de ombros. - Meus pais… Não são as pessoas mais legais do mundo.
- Eles deixam você morar numa casa sozinho com outros três garotos, ter uma banda e ser vagabundo!? - ela perguntou mais num tom acusatório do que questionativo. - Nossa, eles devem ser chatos mesmo…
- Se meus pais não são ruins, sua mãe também não é! - exclamei um pouco ofendido. Meus pais eram ruins sim! - Quero dizer, ela gosta muito de você, só quer o seu bem, apesar de tudo…
- O único interesse da minha mãe é crescer na alta sociedade. - ela disse amarga. - O baile idiota é uma prova disso.
- Você… Você se lembra do baile? - perguntei. Ou ela estava tendo lapsos de memória ou era paranormal.
- Minhas amigas me contaram do baile. Lembra? - ela perguntou como se fosse óbvio demais.
É, talvez eu estivesse ficando louco…
Talvez não.
- Mas me diz, agora que você não me conhece, eu sou o babaca que você pensou que eu fosse? - perguntei, mudando do assunto pais, pois não era o assunto mais agradável para mim.
- É. - ela sorriu. - Um babaca… Gente fina.
- Uou! Seu primeiro elogio! Estamos evoluindo! - baguncei seu cabelo com delicadeza para não bater no machucado.
- Não se empolgue muito com isso. - ela virou os olhos. - Bem que a gente podia fumar um cigarro, né? Estou louca por um…
- Se você for fumar, fume longe de mim. - pedi um pouco decepcionado com aquela atitude. Havia dito que não fumaria enquanto ela não recobrasse a memória. Estava fazendo algo nobre pela minha namorada-de-mentirinha e ela não estava agindo de maneira muito digna, fumando escondida em seu quarto e querendo fumar novamente na minha frente.
- Ah, qual é, quebre essa promessa! - ela pediu, me chacoalhando de um lado para o outro.
- Não. Desista você vai me fazer passar para o ladro negro da força.
- Merda. Arranjei um falso namorado boiola. - ela suspirou, mexendo no curativo do machucado. Dei umas batidinhas de leve na minha perna engessada.
- Não sou um namorado falso. - murmurei. - Fui um namorado muito legal pra você…
- Ah é!? Nós éramos namorados de verdade? - ela perguntou, segurando uma risadinha.
- Eu queria, mas não tinha coragem. - admti. - Você pode ser bem assustadora quando quer.
Lua ficou séria de repente, se perdendo na imensidão do céu. Seus olhos rápidos pareciam contar estrelas.
- O que foi? Falei algo errado?
- Não… Eu só queria não ser assim, tão fria. - ela murmurou, falando mais consigo do que comigo. - Eu sinto, eu tenho a capacidade de sentir, só não me sinto muito confortável em expressar o que eu estou sentindo. As pessoas parecem não entender isso.
- Eu entendo isso. - dei de ombros. - Se não entendesse nunca teria me apaixonado por você.
Ela sorriu de leve, mordendo o lábio inferior. Até que meus xavecos estavam funcionando com ela, coisa que pensei que nunca fosse acontecer. Claro que nem tudo era xaveco, e eu falava com sinceridade, mas nunca perderia meu jeito, digamos, galanteador de ser.
- Os rumores estavam certos. Você é mesmo um xavequeiro. - ela disse, como se pudesse ler meus pensamentos.
- Não estou xavecando, estou falando a verdade. - “e não sabe o que eu daria para ter um beijo seu agora…” pensei.
- Hã!? - ela virou o rosto pra mim, perplexa.
Porra, pensara alto demais.
- Nada. Quer entrar? Tá meio frio aqui? - perguntei, mudando mais uma vez de assunto.
- Não, tá gostoso. Aquele quarto tá quente demais! Mas me diz, como um cara como você foi gostar de uma menina como eu?
- Acho que foi o The Clash. - dei de ombros, e ela riu. - Lembra?
- Ah, sim… - ela foi dizendo, mas ficou quieta. Depois de alguns segundos de tensão ela desatou a rir. - Claro que não me lembro, Aguiar! Eu perdi a memória, tá esquecido disso?
- Hm… - pigarreei, meio desconfiado. Aquilo estava ficando meio esquisito.
- O que tem o The Clash?
- Você gosta de The Clash. Acho que me apaixonei por você no exato momento em que você cantou London Calling no meu carro, um dia que eu estava te levando de volta pra casa. Foi totalmente sexy.
- O que tem de sexy em London Calling!? - ela perguntou, rindo.
- Ah, sei lá. Você já é sexy, cantando The Clash foi sexy ao cubo. - ela fez uma cara de quem não caía na minha conversa. - É sério, você é muito sexy! Tenho certeza que todos os caras maus da escola batem uma pensando em você…
- Ah, Arthur! Que nojo! - ela exclamou, mostrando a língua.
- Inclusive eu… - sussurrei, e ela me deu um tapa no ombro. - O quê!? Eu não disse nada!
- Nojento.
Ela deitou a cabeça com cuidado no chão e ficou observando as poucas estrelas que se formavam no céu. Deitei-me ao seu lado.
- Você sempre foi o cara mais lindo do colégio. - ela admitiu, meio a contragosto. - E eu estava sempre dizendo o quão patético você era, mas no fundo eu só sentia um pouco de inveja de todas aquelas garotas que se gabavam por estar com você, dizendo o quão romântico e engraçado você era. Eu me sentia meio mal, porque nenhuma das garotas daquele colégio passava despercebida pra você, só eu. E minhas amigas.
- É, eu sei ser bem babaca quando eu quero. - foi minha vez de admitir. - Eu nunca tive nada contra você e suas amigas. Era uma questão de sobrevivência, entende? Pra falar a verdade, eu sempre admirei sua inteligência. Sempre que aquelas listas dos melhores alunos saíam, eu tinha certeza que você estaria em primeiro. Nem me pergunte por que, afinal, eu nem te conhecia direito.
Ela tossiu de leve, envergonhada.
- Obrigada. Acho que inteligência compensa beleza.
- Acho que você não precisa compensar nada. Já é abençoada com todas as boas qualidades. Inclusive o sexy appeal.
- Babaca. - ela murmurou, e nossos dedos se encostaram na grama.
- Linda.
- Canalha.
- Sexy.
- Cego.
- Sem auto-estima.
- Sem senso crítico.
- Posso te beijar?
Continua....


Um comentário:

  1. teve uma parte meio nojenta !!! eca mais foi muito legal !!! :D posta mais

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