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14/12/2011

"O Melhor pra Mim"


Capitulo 104


Segunda-feira, dia 16 de Novembro, 9:02 , auditório do Elite Way.
Guys:
- Carlos! Hey, Carlos! - gritei pelo salão, onde algumas pessoas dançavam. Apesar de ser nove horas da manhã o salão estava escuro e sombrio, a lycra preta nas janelas dando a atmosfera de que eram meia-noite pra mais.
As pessoas dançavam, o que era bem esquisito. Quero dizer, eram nove horas da manhã e eles estavam na escola, sob supervisão cuidadosa dos olhos de águia da diretora.
Carlos virou-se para me encarar.
- E aí, cara! - exclamei, dando dois tapinhas em seu ombro.
- E aí, Thur, beleza?
- Beleza, graças a você. - o empurrei de leve. - Queria te agradecer por sexta. Foi muito legal da sua parte.
- Não foi nada. Sempre gostei mais de você do que do Fábio. - ele deu de ombros, me fazendo rir. - Mas é sério. Eu te devia uma.
- Devia? Por quê? - perguntei, curioso. Nós éramos amigos, claro, mas não me lembrava de qualquer coisa que havia feito por ele. Talvez ele me devesse três Reias no pôquer, mas não era desculpa para me salvar de uma coma. Era?
- Desde que você começou a ficar com a Lua eu percebi o quão patético nós éramos. - ele suspirou.
- Ah, patético eu ainda sou. - brinquei, e foi a vez dele de rir.
- Não, falando sério, sua atitude me ajudou. Eu finalmente abri os olhos. - ele apontou com a cabeça para uma japonesa que usava coturnos, luvas coloridas e o cabelo rosa. - Tá vendo aquela japinha ali? Sou afim dela desde o primário, mas sempre me afastei por coisas retardadas, como status que, Bom, a gente tá junto agora. - ele sorriu, constrangido.
- Eu fico feliz por você. - dei uma olhada na japa, que dançava com algumas amigas. - Ela é bem gata. - ele me deu um soco no ombro.
- Fiquei sabendo da Lua. Perder a memória é foda, eim?
- Nem me fale. Estou tendo que amansar a fera tudo de novo. - virei os olhos. - Mas como ficou sabendo?
- Ah, é o novo assunto mais comentado no colégio. Antes era a prisão de Michel e Fábio a sua surra. Mas é claro que nenhum desses assuntos bate os comentários sobre você e Lua estarem juntos.
- Foda… - suspirei. - Bom, vou lá ser ignorado e humilhado novamente. A gente se fala. Valeu mais uma vez.
- Não foi nada. Só cuida bem dela, é uma garota especial.
“Eu sei” foi o que eu pensei, antes de virar as costas, dando de cara com Sophia e Micael. Sophia estava frenética, batendo com os pés no chão e enrolando uma mecha de cabelo no dedo indicador. Ela mascava chiclete e Micael fazia uma careta a cada mastigada.
Micael e seu medo de chicletes.
Chicletenofobia.
- Thur, Lua ainda não sabe da Pérola! Nós não contamos! Não era melhor contar? Sei lá, vai que ela quer tirar alguma satisfação…
- Nossa, Sophia, se acalma. - olhei para Micael. - O que você deu pra ela beber?
- Nada. - ele deu de ombros. - Ela tá assim desde que acordou.
- Nós vamos ficar aqui batendo papo ou contar logo pra ela? - ela virou os olhos.
- Porque você quer contar isso a ela? - perguntei. - Não é melhor, sei lá, deixar ela se lembrar sozinha? - “ou esquecer pra sempre?”. - Não, eu… Eu tô sentindo que alguma coisa ruim vai acontecer hoje, relacionado à Pérola. Nós precisamos contar. - ela olhou bem no fundo dos meus olhos. - Agora. - É, vamos lá, antes que ela apanhe sem saber por quê. - concordei, mais por medo dela do que por convicção. - Ela está lá fora. - completei, e nós três caminhamos até a porta dos fundos. Chay, Pedro, Mel e Rayanna nos viram no meio do caminho e se juntaram a nós. Chay “usava” um cigarro na orelha, e aquilo me fez lembrar que eu precisava muito de um cigarro, mas não iria cair em tentação.
Não iria cair em tentação.
Não iria…
- …você é uma vagabunda. Ainda não entendeu que ele não quer nada com você? - ouvi a voz de Lua abafada atrás da porta. – Desiste, Pérola, ele pode não ser totalmente meu, mas ele nunca vai ser seu também.
- Você é muito ingênua mesmo. Ainda não percebeu que ele só quer te usar? - foi a vez de Pérola ser ouvida. - Ou você acha que ele nunca disse que me amava?
Olhei para Sophia, boquiaberto. Mas o que…
Abri a porta de sopetão e encontrei as duas com o rosto muito perto. Lua segurava um cigarro entre os dedos.
Então eu finalmente entendi porque Lua parecia conhecer tanto sobre mim, mesmo “sem lembrar”.
E, cara, não é por nada não, mas eu fiquei puto. Muito puto.
Ela percebeu nossa presença ali e soltou o cigarro no chão. Olhou-me espantada e começou a gaguejar coisas como “ela me contou sobre vocês dois, ela estava me provocando!”, e Pérola olhava para ela surpresa e sem entender nada, e só aquilo me deu a brecha para não cair mais nas suas histórias.
Dei dois passos em sua direção e me espantei com a frieza de minha voz:
- Desde quando você tem sua memória de volta, Lua?
Continua...


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