Capitulo 103
Segunda-feira, dia 16 de Novembro, 8:36 , auditório do Elite Way.
Girls:
- Lua, antes que você fique sabendo da boca de alguém, precisamos te contar uma coisa. - Sophia foi logo dizendo, quando eu finalmente estava livre de todas as minhas obrigações como organizadora da festa.
Micael vinha de mãos dadas com ela, e logo atrás Chay e Pedro conversavam, ignorando totalmente nossa conversa.
- Manda ver. - sorri, interpretando o papel de garota com amnésia. Contaria a elas mais tarde. Na verdade pensara num plano excelente vindo ao Rio: Depois da festa fingiria me lembrar de tudo. Era um ótimo plano, e não magoaria ninguém.
- Sabe quem é Pérola?
“Aquela vagabunda filha da puta?”
- Sei.
- Então, nós meio que não contamos que…
- Lua, temos um problema aqui! - ouvi o DJ gritar atrás de mim.
- Sophia, espera um segundo, eu já volto! - fiz sinal para que ela esperasse e corri até ele.
Eu sabia o que ela ia me contar. Toda a história de Thur ter-me “traído”, e logo depois ter se ferrado legal. E, pra ser sincera, foi meio que um alívio ser chamada pelo DJ. Não estava nem um pouco afim de ouvir aquela história novamente.
No final acabou que o DJ não estava achando seus CD’s, que estavam embaixo da pick up, e, quando eu me virei para procurar por Sophia, a diretora fez o sinal para que eu começasse meu discurso. Nem havia percebido o salão lotar, mas quando me virei para frente, todos os alunos, desde o primeiro ano do colégio até o último ano do a-level, estavam lá.
Discursar e convencer as pessoas nunca fora um problema, e não seria ali que começaria a ser.
- Bom dia, alunos do Elite Way. - falei firme ao microfone, recebendo um “bom dia” fraco de algumas pessoas e alguns “vai se foder, punk do satã” de outros. Observei Arthur murmurar um “porra” e sair correndo pelo salão até a mesa de som. Atrasado. Sempre atrasado. - Vocês não sabem, mas estão aqui hoje para a inauguração do nosso complexo cultural. - mandei de uma vez só, e algumas pessoas pareceram acordar, mas a grande maioria não se importou. - A partir do ano que vem todos os alunos do colégio terão direito a aulas de dança, instrumentais e poderão se inscrever no novo coral do colégio.
Continuei o discurso sobre como aquilo melhoraria o conceito do colégio e todas essas coisas chatas. Os alunos - os que ainda estariam no colégio no ano seguinte - ficaram animados com a ideia, e os formandos não se importaram muito de não terem a chance de usufruir dos novos programas, afinal de contas, encontrariam coisas muito melhores na faculdade, como orgias e cocaína.
Assim que acabei, a diretora pegou o microfone - que fez um chiado épico e eu pude ver Thur soltar uma risadinha maligna - e avisou aos alunos que aqueles que queriam ir embora poderiam ir, mas aqueles que quisessem ficar poderiam curtir a inauguração, com pista de dança - ideia de Sophia - e comida de graça - ideia de Rayanna. Os olhos dos formandos, com suas fiéis garrafas de Absolut Vodca nas mochilas, brilharam. Onde havia refrigerante quente dando sopa havia a possibilidade de batizarem as bebidas e aquilo significava mais garotas do último ano do colégio bêbadas e fáceis e mais garotos do primeiro ano do a-level mijando na caixa d’água.
Desci do palco, louca para ir aos fundos fumar um cigarro - coisa que sempre fazia depois de uma exposição daquelas -, mas fui interrompida por Arthur, que me puxou pelo braço.
- Aonde vai com tanta pressa? - perguntou.
- Ah, você sabe, circular… - respondi, dando de ombros.
- Está fugindo de mim? - perguntou, com uma risadinha presa nos lábios.
- Não, claro que não! - “eu só quero fumar uma porra de um cigarro!” pensei em dizer, mas fiquei com dó, principalmente porque ele também parecia desesperado por um.
- Eu queria conversar com você, mas eu tenho que fazer uma coisa antes. - ele disse, olhando para Carlos, que conversava com algumas garotas. - Me espera lá fora?
- Tudo bem. - consegui sorrir, mesmo depois de ser beijada na boca por ele, que logo em seguida saiu correndo em direção a Carlos.
Deixa eu te contar uma coisa: Ser beijada por Arthur Aguiar era sempre diferente, mesmo que eu meio que já estivesse acostumada, e toda vez que ele me beijava eu sentia o mundo ao redor sumir; afinal de contas, eram os lábios de Arthur Aguiar. Eu podia sentir o ódio e a inveja das garotas em volta.
Mas eles eram só meus. Só da punk nerd do satã. HA HA HA, onde está seu Deus agora?
Procurei minhas amigas com os olhos, mas nenhuma delas estava por perto, então escapei furtivamente pelos fundos e fumei meu tão esperado cigarro. Enquanto esperava Arthur, liguei para meu pai, avisando que já estava de volta. Ele exigiu que eu fosse direto e reto para casa depois da escola, porque queria me dar um beijo e ver o tamanho do meu machucado. Desligou dizendo algo como “aquela irresponsável da sua mãe”, mas eu não pude ouvir o resto, pois fechei o flip o celular ao avistar Pérola de longe, entre as árvores, fumando um beck com Fábio,Kátia e Michel.
Senti vontade de chamar a diretora, mas deixei quieto.
Nada como o perdão. Ou a preguiça.Continua...
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ResponderExcluirplease!!!!!!