"O Melhor pra Mim"

Capitulo 55

Quarta-feira, dia 11 de Novembro, 10:52, intervalo do Elite Way.

Girls:

- Estou me sentindo estúpida. - Sophia reclamou, segurando uma pilha de cartazes nos dois braços que quase cobriam sua cabeça. - Estúpida e idiota.

- Não é a mesma coisa? - Rayanna perguntou, grampeando um cartaz no mural de avisos do corredor.

- Sim, só que ao dobro. - Mel respondeu por Sophia, colando um cartaz na porta do banheiro feminino. - Pronto, já conseguimos 200 cadelinhas no cio.

- É, inclusive você, porque você vai ao show, sabia disso? - eu disse, e nós três rimos, fazendo Mel mostrar o dedo do meio.

- Meninas! - Pedro gritou no final do corredor, fazendo todas as meninas que passavam pelo corredor olhar para ele. - Os nossos cartazes já acabaram, tem mais aí?

- Tem uma pilha ambulante bem aqui! - Rayanna brincou, abraçando Sophia pelos ombros.

Pedro veio até nós e pegou metade da pilha. Sophia suspirou agradecida e Rayanna sorriu envergonhada quando Pedro piscou para ela e saiu atrás dos seus amigos, que colavam cartazes no prédio do ensino fundamental.

Olhei para ela, que colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e abaixou o rosto, envergonhada.

Meu Deus, será que ela ainda não havia percebido que Pedro só queria conversar com ela? Ele não a atacaria!

Pelo menos não de novo.

Dei de ombros e continuei a colar os cartazes nas paredes, enquanto alunos curiosos liam o que estava escrito e riam. “Primeiro show do Phoenix com os integrantes sóbrios! Você não vai perder essa, vai? Sábado, dia 13, às 14h no TacoPlace. Compre logo seu ingresso, os primeiro cinquenta ganharão o CD do primeiro single, 5 Colours In Her Hair. Ingressos com os integrantes ou no próprio TacoPlace.” Alguns ainda passavam perguntando entre si porque eu e minhas amigas losers estávamos colando os cartazes e não algum grupo de gostosas do segundo ano.

Não que nós não fôssemos bonitas, de rosto e corpo, mas nós só não éramos bonitas de acordo com o padrão de beleza do colégio.

Nós éramos as garotas que todos os caras maus queriam.

Espera aí… Isso é uma música, não é?

- Acabou, minha gente! - Mel anunciou, depois de alguns minutos, apontando para Sophia, que estava massageando os braços livres. - Estamos livres! Livres!

- Ótimo, agora é só divulgação online. - falei, mais para mim mesmo do que para elas. - Muito obrigada, meninas, vocês são demais!

- Acho que a Lu sofreu alguma lavagem cerebral. - Sophia comentou. - Desde que começou a beijar o senhor “idiota pra caralho”, ou sei lá como ela o chamava, ela está nos tratando bem!

- Eu estou até me sentindo amada! - Rayanna suspirou, e as três riram.

- Vocês são muito idiotas! - eu ri, apertando os olhos para o final do corredor.

Pedro, Micael, Chay e Thur vinham pelo corredor em nossa direção, rindo. Pedro parecia estar contando alguma coisa para os três, que gargalhavam. Kátia vinha ao lado de Micael, rindo também, e Pérola vinha ao lado de Thur, com cara de quem não estava entendendo. Olhei para as meninas, sentindo sangue nos olhos. Sophia estava com o mesmo olhar que eu. Rayanna e Mel só olhavam para eles, cada uma com um sentimento oculto batendo no coração.

Porra! O que Pérola estava fazendo ao lado de Thur, com seus cabelos loiros platinados e seus peitos desproporcionais?

Respira fundo, Lua, respira fundo. Você não tem esse direito. Ele é só seu amigo colorido. Nada mais do que isso.

Eu tinha o direito de sentir ciúmes pelo menos, certo?

Conforme eles foram chegando perto, pudemos ouvir sobre o que Pedro estava falando.

- … aí ele pulou na piscina sem cueca e completamente bêbado, e nós tivemos que salvá-lo de um suposto afogamento! - Pedro terminou a narrativa, e todos eles, menos Pérola, riram.

- Tinha alguma coisa a mais naquelas cervejas, eu tenho certeza! - Thur afirmou, rindo de perder o fôlego.

- Não entendi… - Pérola comentou, e os cinco olharam pra ela. - O quê?

- Hm… Nada não… - Chay deu de ombros, olhando para nós. - Acabado nosso trabalho?

- Sim, agora só vou divulgar na Internet. - respondi a ele. Percebi os olhares de Kátia e Pérola em cima de mim, mas não me importei.

Pelo menos não muito.

- Valeu, Luzinha! - Thur agradeceu, me dando um beijo na bochecha. Senti a mesma esquentar.

Ele voltou para o mesmo lugar, me olhando com um sorriso aberto, como uma criança. Estava de uniforme - o que era raro, porque quase sempre ele tomava suspensão por ir sem ele à escola - e com o cabelo bagunçado. Usava um adidas de listras vermelhas e seus olhos estavam brancos. Nada de Thur chapado.

Aquilo era uma evolução.

Um vento frio atravessou o corredor e ele deu um pulinho. Aquele era um gesto conhecido meu… Lembrei-me de quando o observava nas aulas em que tínhamos juntos. Mesmo sempre o odiando, eu tinha uma certa fixação por ele, e não sabia explicar o porquê.

Bom, aparentemente o destino costuma brincar com suas vítimas.

- E aí, Alana! - ouvi a voz cheia de deboche de Michel atrás de mim se dirigindo à Thur. Virei-me e dei de cara com ele, que vinha sozinho cumprimentar os guys. Mas antes que pudesse, seus olhos maldosos se fixaram em mim. - Olha só, Thur, sua admiradora secreta! Me diga, Lua, como você se sente sabendo que ele prefere ver Alana pelada à você?

Kátia e Pérola riram da sua piada e ele sorriu sarcástico.

- Do mesmo jeito que você se sente ao saber que pode debochar de todos nessa escola, mas nunca vai deixar de ser o baixinho espinhudo que nenhuma menina em sã consciência ficaria. - respondi, fazendo todos rirem. Algumas pessoas - aquelas com faro para briga - já paravam no corredor para olhar.

- Escuta aqui, sua vagabundazinha de… - ele colocou o dedo no meu rosto, falando alto, mas antes de terminar a ameaça, Thur deu um tapa em seu braço e entrou na minha frente.

Olhei para ele, de costas para mim. Eu sabia muito bem me defender sozinha, mas ver que Thur estava desafiando os próprios amigos e responsáveis por sua fama por minha causa era muito confortante.

Quem eu estou querendo enganar? Aquilo era demais!

- Calma aí, cara, pra que faltar com respeito? - ele perguntou, e Michel riu.

- Qual é, Thur, o que aconteceu com você? Faz uma semana que não sai pra beber com a gente, que não mata aula com a gente, e agora vai defender essa perdedora? Aliás, o que aconteceu com todos vocês? As pessoas estão comentando, cara! Vocês bateram alguma aposta ou estão fazendo caridade? - ele apontou para nós quatro.

Posso jurar que ouvi Mel rosnar.

- Michel, cara, tá pegando pesado já. - Chay se intrometeu. À essa altura, quase todas as pessoas do corredor estavam nos olhando curiosas. - Elas nunca fizeram nada pra você.

- Claro que fizeram, nasceram pra deixar o mundo menos bonito! - ele respondeu, e todas as pessoas que estavam olhando riram.

O que se seguiu foi algo que eu nunca, em todos os meus quase 12 anos estudando naquela escola, pensei que fosse acontecer.

Continua...