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09/12/2011

"O Melhor pra Mim"



Capitulo 80

Sexta-feira, dia 13 de Novembro, 16:40, delegacia..
 Lua: Qual era o problema daquelas pessoas? Nós já estávamos ali há séculos! Já havíamos dado nosso depoimento, e eles teimavam em manter Arthur dentro de uma sala isolada. “Procedimento padrão” todos eles respondiam quando eu perguntava. Procedimento padrão é o caralho! Eu ia mostrar o procedimento padrão da minha mãe irritada pra eles sentirem na pele! Bom, pelo menos um deles era legal e estava jogando tranca comigo enquanto Arthur era mantido em cativeiro. - Então deixa ver se eu entendi… Aquele garoto todo machucado lá dentro é seu namorado de mentira? E você está triste porque ele te traiu? - ele perguntou, recolhendo todas as cartas da mesa e anotando o resultado no bloquinho de papel sujo. - Ele era de mentira. Aí nós nos envolvemos…
- senti minha bochecha corar. Eu estava mesmo tendo aquele converso com um policial gordinho comedor de Donuts? - Aí ele me traiu. - Aaaah…
- ele finalmente entendeu, dando as cartas. - Bom, não tiro sua razão de ter revidado na mesma moeda. Quem traiu merece ser traído! Ai meu Deus, alguém me entendia! Meu celular começou a vibrar e meu coração deu um pulo no peito. Sabia que mais cedo ou mais tarde ela me ligaria. Mas não pensei que seria tão cedo assim.
- Só um instante. - pedi ao guarda, abrindo o flip do celular.
 - Alô? - Lua, mudança de planos! - minha mãe gritou do outro lado. Estava em um lugar barulhento. - Dylan quebrou o braço, eu não posso ir pra Rio hoje. Você vai ter que vir até aqui! Tudo bem? Obrigada, Deus! Muito obrigada!!! Suspirei, aliviada, rindo à toa. Não teria que explicar a minha mãe que me atrasara para buscá-la na estação de trem porque estava na delegacia! Porque explicar isso a ela seria um tanto quanto… Tenebroso. - Tudo ótimo! - exclamei. - Ótimo! - Que bom! - ela exclamou.
- O último trem sai às 17h30. Te espero na estação. - Pera aí, eu tenho que ir ho… - ia dizendo, quando ela desligou na minha cara. - je? Desliguei o celular e suspirei. Ah, minha mãe… - Problemas? - Bob, o policial, perguntou. - Bom, ainda não, mas se prenderem Arthur lá por muito mais tempo eu vou ter. - olhei no relógio da parede, que mostrava 16h45.
 - Se esse é o seu problema, problem solved. – Arthur disse atrás de mim. Virei-me com um pulo, para encontrá-lo parado a alguns centímetros da minha cadeira. Sua sobrancelha estava com um curativo e sua boca não estava mais vermelha de sangue. Ele estava meio curvado, provavelmente pela dor no estômago, mas parecia saudável. Na medida do possível. Senti uma pontada no coração. Coitadinho do meu Arthur! Que não era mais meu…
- Bom obrigado pela diversão, Bob! - agradeci, levantando-me e pegando minha bolsa na mesa. - Não foi nada. Volte toda vez que se sentir entediada! - ele brincou, mostrando o baralho. - Mas volte sem esse vestido… - ele apontou para todos os guardas que me olhavam interessados. Depois entregou a Thur seus pertences - relógio, carteira, uma palheta, 100 reais, um maço de cigarros amassado, dois isqueiros e algumas moedas - e sorriu para nós dois. Saímos da delegacia em silêncio. Thur colocou seus óculos de sol e ligou para Chay avisando que estava tudo bem. Caminhamos até o ponto de ônibus no final da rua, ainda sem dizer nada. Quando nos sentamos resolvi quebrar o silêncio. - O que eles ficaram fazendo com você até agora?
- Você nem queira saber… - ele brincou. - Eu até já imagino… Com esses lindos olhos castanhos você virou a mocinha deles. - comentei, e ele riu. - Eu nunca mais vou ser o mesmo… Rimos juntos, mas a risada foi diminuindo, até nós voltarmos à estaca zero. Sabe aqueles típicos momentos de constrangimento? Estávamos passando por um daqueles.
O que era bem chato, porque nós nunca calávamos a boca juntos. Naquele momento eu preferiria estar brigando com Thur do que ficar naquele silêncio chato.
- Você quer que eu peça pra alguém vir buscar a gente ou prefere ir de ônibus? - ele perguntou, um pouco tímido.
 - Vamos de ônibus até sua casa, pra pegar seu smoking, depois alguém nos leva até minha casa, para eu pegar minhas coisas e trocar de roupa, e depois vamos para a estação de trem. - respondi, esquecendo que ainda não havia contado a ele que iríamos para a casa da minha mãe. - Hã? - ele perguntou, fazendo a cara de desentendido mais fofa do universo.
 Tive que me segurar para não afagar seu cabelo e falar “oooown, cuti-cuti da mamãe!”. Sério. - Lembra quando eu disse que estaria com problemas se você demorasse muito? - perguntei, e ele balançou a cabeça em afirmativa.
- Então, meu problema era que o último trem para a casa da minha mãe é às 17h30. - ele parecia mais perdido ainda.
- Ela não pôde vir para cá, meu meio-irmão quebrou o braço,mas disse que nos espera na estação. - expliquei e ele fez um “aaaaah” mais fofo ainda do que o “hã?”. - Entendi… Beleza. - ele concordou. - E obrigado mais uma vez por hoje. Você foi demais. - Não foi nada. - dei de ombros, envergonhada. - Se não fosse pelo Carlos, você provavelmente estaria apanhando até agora… - Sério? Por quê? - Ele que me contou o que eles estavam armando. - Por essa eu não esperava. - ele comentou. –
Preciso agradecê-lo por isso… Nosso ônibus virou a esquina, e eu me levantei. Ele fez o mesmo - um pouco lento - e logo nós dois estávamos subindo as escadinhas. Assim que cheguei no último degrau, tropecei e tive que me apoiar no motorista para não cair. Thur atrás de mim gargalhou de perder o fôlego. Mandei-o ir se foder e nós dois começamos a rir. Sentamo-nos e ele começou a fazer piadas sobre a minha total falta de equilíbrio e coordenação, me fazendo rir. Aquilo era muito bom. Por um momento me esqueci de Pérola, de Michel, de Fábio, de Eric e de todos os problemas. Éramos dois idiotas sem nenhuma preocupação ou mágoa novamente. E ser idiota era demais.
Continua...

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