Terça-feira, dia 10 de Novembro, 20:55, meu quarto.
Lua:
Eu estava me agarrando com Arthur. E, na boa? Estava muito bom.
Nada como aliviar a tensão.
Nós estávamos sentados na minha cama, a TV estava ligada e minha cachorra estava dormindo tranquilamente na sua caminha. Enquanto isso, Arthur estava com uma mão na minha nuca e a outra na minha coxa. Eu estava com uma mão no seu rosto e a outra bagunçando seu cabelo. Nosso beijo estava ficando quente demais, nossas línguas pareciam estar brigando… Mas era necessário respirar.
Fui diminuindo a velocidade e terminei o beijo com um selinho, distribuindo alguns beijos na sua bochecha e pescoço.
Respirei fundo, puxando todo o oxigênio do quarto.
- Você estava realmente tenso, eim? - perguntei, com o rosto bem perto ao dele, podendo contar as pintinhas em seus olhos castanhos.
- Bastante. Mas acho que você deve ter percebido isso. - ele respondeu, com um sorrisinho sacana. - Mas a melhor coisa é aliviar essa tensão…
- Concordo… - eu disse, e ele riu. - Mas até um hamster perceberia.
Era a mais pura verdade.
Flashback on.
- Meu Deus, Arthur, não acredito que tudo isso seja medo do meu pai! Ele nunca fez mal a ninguém! - exclamei, pegando na mão gelada dele, que estava petrificado na frente da porta da minha casa. - Eu sei que é meio cedo pra isso, mas eu não podia mentir pra ele… Me desculpe, mas trato é trato…
- Seu pai ameaçou mandar me prender, está lembrada disso? - ele perguntou, ignorando completamente o que eu havia falado, olhando fixamente para a porta de entrada da minha casa. - Ele vai atirar em mim com uma espingarda. Certeza.
- Para com isso. - resmunguei. - Tenho certeza que você só está nervoso porque nunca conheceu nenhum pai de alguma garota antes.
- Hã hã, não fale o que você não sabe. - ele disse, ainda sem tirar os olhos da porta.
Virei os olhos e o puxei para dentro da casa.
Claro que ele tinha motivos para ficar nervoso. Mas só na hora em que ia realmente conhecer meu pai, não o DIA INTEIRO! Porque depois que eu avisei que meu pai queria conhecê-lo, ele ficou travado o resto do dia! Não conversou mais no bar, não tocou direito no ensaio e não riu das piadas de Pedro. Ele simplesmente entrou em pânico!
Meu pai era assim tão assustador? Porque pra mim ele parecia o papai noel magrinho e sem barba!
E sem a roupa vermelha. E sem o saco.
Ah, você entendeu.
- Pai, cheguei. - anunciei, fechando a porta. – Oi, Clara. - disse, encontrando-a lendo O Diário da Princesa na sala.
Pra você que pensa que Clara é uma retardada mental que fica vendo filmes de criança e lendo coisas de adolescente, eu explico: Ela não era assim, mas depois que engravidou, os hormônios mexeram muito com ela, então ela praticamente voltou a ser uma pré-adolescente.
- Oi, querida. Oi, Arthur. - ela acenou. - Você é muito corajoso.
Olhei para ele com o canto dos olhos. Seu rosto estava verde.
Arrastei-o pela mão gelada até a cozinha, onde encontrei meu pai tomando suco direto da caixa.
- Clara vai adorar saber disso, pai. - comentei, tirando Arthur da minha sombra e colocando-o ao meu lado. Meu pai descansou o suco em cima da bancada e olhou para Arthur sem expressão. - Pai, esse é o Arthur. Arthur, esse é meu pai.
Momento de tensão.
Meu pai olhou para Arthur, Arthur olhou para o meu pai.
Uma gotinha de suor escorreu no pescoço dele.
- Prazer, sr. Blanco. Novamente. - ele estendeu a mão trêmula para meu pai, que a apertou com firmeza.
- Espero que você apague a minha primeira impressão, sr. Aguiar. - meu pai disse, com os olhos apertados.
- Vou me esforçar. - ele murmurou, tossindo fraquinho e falando um pouco mais seguro de si. - Só queria te pedir desculpas antes de tudo, por ter te preocupado.
- Tudo bem, é só manter minha filha viva. E sóbria. - ele falou a última palavra entre os dentes, como uma ameaça. - Fica para jantar? Clara pediu comida chinesa.
- Claro. - ele respondeu, soltando o ar aliviado. - Claro.
Nós fomos para a sala e ficamos conversando com Clara sobre a banda, até a comida chegar. Comemos e subimos para o meu quarto com a desculpa de que eu iria “ensinar biologia” pra ele.
E então começamos a nos pegar.
Flashback off.
Olhei no meu relógio do Star Wars e vi que já eram cinco pras dez, e no dia seguinte nós dois teríamos aula. Não que eu quisesse parar de beijá-lo nem nada do tipo, porque eu não queria mesmo, mas eu não queria acordar no outro dia com cara de louca. Mesmo por que tinha marcado na minha agenda que na quarta-feira começaria a divulgar o show de sábado na escola e na Internet.
Ah… Compromissos…
- Arthur, eu sei que quase sempre eu sou grossa com você, e hoje eu vou ser de novo. - ele gargalhou, jogando a cabeça para trás, e por um instante eu perdi a fala. - Eu… Eu preciso dormir.
- Tudo bem, linda, eu preciso ir também… - ele concordou, me dando um beijo na testa. - O Pedro só dorme depois que eu cantar pra ele.
Levantamo-nos e eu fui com ele até a porta. Meu pai acenou com a cabeça e Clara falou para ele voltar mais vezes. Fiquei morta de vergonha porque, bem, na verdade nós não éramos namorados nem nada do tipo. Só amigos que estavam ficando… Eu nem sabia se ele estava beijando outras garotas, e ele também não sabia se eu estava beijando outros garotos - ou sabia, porque minha vida amorosa era praticamente nula, diferente da dele. Então era simplesmente vergonhoso meus pais estarem nos tratando como namorados. Mas, bom, o que eles poderiam fazer? Não sabiam a verdade inteira…
- Bom, boa noite. - disse, fechando a porta atrás de mim e ficando sozinha com ele no frio londrino.
- Boa noite. - ele desejou de volta, se inclinando e dando um beijo no meu rosto.
Ele foi se afastando de costas para mim até começar a descer os degraus, quando se virou para se equilibrar. Assim que ele atravessou o portão e abriu a porta do carro, não me segurei e o chamei de volta.
- Arthur!
Ele se virou para mim e ficou esperando.
Respirei fundo.
- O que você quis dizer com “não fale o que você não sabe”? - perguntei, me arrependendo no mesmo instante, porque ele caiu na gargalhada, tendo que se segurar no muro para não cair.
- Luzinha, você é muito engraçada. - ele respondeu, e entrou no carro, disparando pela rua.
Mas eim!?
Continua...
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